Agência France-Presse
postado em 26/07/2019 12:38
O ano de 2019 está longe de terminar, mas já registrou ondas de calor e recordes de temperaturas, da Europa ao Polo Norte, fenômenos que correspondem aos impactos da mudança climática causada pelas ações humanas.[SAIBAMAIS] As sucessivas ondas de calor são um sintoma inequívoco do aquecimento global, embora os cientistas frequentemente relutem em atribuir um evento meteorológico extremo a uma desordem climática, de qualquer tipo.
O mês de junho mais quente
Em 2019 o mundo viveu o mês de junho mais quente da história desde o início dos registros de temperaturas, destronando junho de 2016.
Este recorde se deve, sobretudo, à onda de calor excepcional na Europa, que elevou em cerca de dois graus a temperatura normal nesse período, segundo o Serviço sobre Mudança Climática Copernicus.
A América do Sul também viveu seu mês de junho mais quente, segundo a Administração Nacional Atmosférica e Oceânica (NOAA) americana.
Recordes em série na Europa
A Europa sofreu duas ondas de calor em menos de um mês, uma primeira, muito precoce, no final de junho, e outra muito intensa em julho.
Em junho, a França registrou o recorde de 46;C no dia 28, na cidade de Vérargues, no sul.
No segundo episódio, as temperaturas têm ficado abaixo dessa máxima, mas ultrapassam os 40;C. Paris alcançou 42,6;C (seu recorde anterior era de 40,4;C em 1947).
Muitos países europeus bateram seu recorde nesta semana, como Alemanha (42,6;C), Bélgica (41,8;C) e Holanda (40,4;C).
"Desde 2015, todos os anos há ondas de calor extremo em algum lugar da Europa, no sul ou no norte", disse Robert Vautard, climatologista do Laboratório de Ciências Climáticas e Ambientais.
Este pesquisador e seus colegas da rede World Weather Attribution estimaram no início de julho que as mudanças climáticas tornaram a onda de calor na França "pelo menos cinco vezes mais provável" do que se os seres humanos não tivessem alterado o clima.
Durante o primeiro semestre de 2019, também houve ondas de calor intensas na Austrália, Índia, Paquistão e em algumas áreas do Oriente Médio, segundo a World Meteorological Organization (WMO), que prevê outros episódios durante o verão do hemisfério norte.
Polo Norte
Em meados de julho, o mercúrio atingiu 21;C em Alert, o lugar habitado mais ao norte do planeta, a menos de 900 km do Polo Norte, um recorde para esta temporada.
O recorde anterior (20;C) remonta a julho de 1956, mas desde 2012 esta área nas margens do Oceano Ártico teve vários dias entre 19 e 20;C.
E para todo o ano de 2019?
Os últimos quatro anos foram os mais quentes do planeta, segundo a ONU.
O ano de 2018 ficou em quarto lugar, com uma temperatura média planetária cerca de 1;C superior em relação à era pré-industrial.
Com %2b1,2;C, 2016, marcado pela influência do fenômeno El Niño, é até o momento o mais quente, à frente de 2015 e 2017.
Segundo a NOAA, o período de janeiro a junho de 2019 foi o segundo mais quente da história (tanto quanto em 2017 e à frente de 2016).
"WMO estima que 2019 estará no top 5 dos anos mais quentes e que 2015-2019 será o mais quente dos cinco anos consecutivos já registrados", disse Johannes Cullmann, diretor do departamento de clima e água dessa organização.