postado em 28/07/2019 04:05
Terminou com mais de mil prisões uma manifestação convocada pela oposição ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, para protestar contra as restrições impostas pelo governo na campanha para as eleições municipais de Moscou. A polícia, que calculou em cerca de 3.500 o número de participantes, informou que 1.074 foram detidos, ;por delitos diversos;. A concentração, diante da prefeitura da capital russa, não tinha sido autorizada. Vários organizadores foram presos ainda de manhã e tiveram casa ou gabinete submetidos a operações de busca e apreensão.
As forças de segurança bloquearam a passagem dos manifestantes que se aproximavam da avenida Tverskaya, principal artéria de Moscou, aos gritos de ;vergonha; e ;queremos eleições livres;. A oposição denuncia a proibição de candidaturas independentes para as eleições locais, que se prenunciam difíceis para os candidatos alinhados ao Kremlin, em especial nas maiores cidades. À tarde, grupos menores tentaram bloquear várias ruas no centro da capital, mas foram rapidamente dispersados por um elevado contingente policial.
A tropa de choque não hesitou em usar de violência para reprimir os protestos. Fotógrafos e cinegrafistas documentaram vários manifestantes sendo arrastados, em alguns casos pelo pescoço, em outros pelos braços e pelas pernas. Vários foram feridos. ;Estávamos nos manifestando pacificamente;, protestou Anastasia Zabaliueva, 27 anos, professora de inglês e francês. ;Não estávamos com armas, não demos nenhum motivo para essas prisões violentas.;
Ilia Yashin, Liubov Sobol e Dmitri Gudkov estão entre os dirigentes oposicionistas detidos antes mesmo de saírem para a manifestação. Os três foram libertados à tarde. Sobol terá de pagar multa de 30 mil rublos (US$ 400, aproximadamente), enquanto Yashin e Gudkov deverão comparecer a um tribunal ainda neste mês. A polícia revistou casas e gabinetes de vários candidatos que tiveram negado o registro para a eleição municipal. Na quarta-feira, o principal opositor de Vladimir Putin, Alexei Navalni, foi condenado a 30 dias de prisão por ;violar normas sobre manifestações;.
O registro de cerca de 60 candidaturas ao Legislativo de Moscou foi rejeitado, sob a alegação oficial de que teriam sido cometidos ;erros; na coleta das assinaturas de apoio exigidas pela legislação eleitoral. Os candidatos independentes excluídos denunciaram ;irregularidades fraudulentas; e acusaram o prefeito, Sergei Sobianin, aliado de Putin, de tentar sufocar a oposição.
A ONG Anistia Internacional alertou para o risco iminente de ;uma repressão enorme; se abater sobre a oposição russa, e criticou o que chamou de ;uma tentativa aberta e descarada das autoridades de intimidar; os adversários. Antes da manifestação de ontem, a polícia de Moscou tinha emitido uma advertência aos cidadãos e proposto que os jornalistas escalados para cobrir o evento se identificassem ; medida inédita.