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Caro para os mais pobres

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 28/07/2019 04:05
Especialistas ressaltam que barreiras econômicas também prejudicam as mudanças necessárias para uma dieta mais sustentável. Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto Internacional de Pesquisa sobre Políticas Alimentares (IFPRI), nos Estados Unidos, analisou os preços de 657 produtos alimentícios em 176 países. Os cientistas observaram que, nos países mais pobres, os alimentos saudáveis são extremamente caros, especialmente os de origem animal, ricos em nutrientes.

Ovos e leite fresco, por exemplo, chegam a custar 10 vezes mais do que produtos industrializados. ;Antes desse estudo, sabíamos que as crianças mais pobres do mundo não estavam consumindo o suficiente de alimentos que promovem o crescimento saudável e o desenvolvimento do cérebro. Mas, agora, temos uma ideia melhor do porquê: os pobres também vivem em sistemas alimentares pobres. Essa combinação de baixa renda e preços altos significa que eles simplesmente não vão comprar e comer o suficiente desses alimentos ricos em nutrientes;, analisa Derek Headey, um dos autores do estudo, publicado, neste mês, na revista Journal of Nutrition e pesquisador do IFPRI.

No Brasil

Elisio Contini, economista e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), também acredita que o fator econômico, assim como o comportamental, precisa ser levado em conta quando a dieta sustentável é discutida. ;Junto da conscientização com relação aos danos ambientais, é necessário tornar esses produtos sustentáveis e saudáveis mais acessíveis à população. Sou otimista em relação a esse tema, acredito que é possível fazer isso. O Brasil é um dos países com alto potencial para produzir ainda mais alimentos;, ressalta.

O cientista brasileiro acredita que medidas em desenvolvimento podem contribuir para a produção de alimentos de forma econômica e benéfica ao meio ambiente. ;O consumo de carne, como visto na pesquisa austríaca, é um fator extremamente importante em relação à alimentação mundial mais sustentável. A forma como a carne é produzida também precisa ser repensada;, frisa. ;Aqui na Embrapa, por exemplo, temos desenvolvido um modelo de produção pecuária que integra as florestas. O plantio é feito com a produção dos animais. Isso faz com que uma atividade compense a outra, reduzindo a emissão de gases. É possível dar continuidade a essas atividades, torná-las modelos econômicos positivos e não prejudicar o planeta;, diz Contini. (VS)

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