postado em 30/07/2019 04:06
O papa Francisco classificou a prostituição como uma ;doença da humanidade; no prefácio do livro Mulheres crucificadas. A vergonha do tráfico relatada desde a rua, do padre Aldo Buonaiuto, sacerdote da Comunidade Papa João XXIII, associação de caridade católica que acolhe adolescentes, pobres e prostitutas. No texto, publicado ontem no jornal italiano La Repubblica, o pontífice se referiu a um ;vício repugnante; reduz as mulheres a escravas.
;Qualquer forma de prostituição é uma redução à escravidão, um ato criminoso, um vício repugnante que confunde fazer amor com os instintos de alguém torturando uma mulher sem defesa;, denunciou Francisco em um trecho do prólogo.
;É patológica a mentalidade segundo a qual uma mulher é explorada como se fosse uma mercadoria, que se usa e depois se joga fora. É uma doença da humanidade, um modo equivocado de pensar a sociedade. Libertar esses pobres escravos é um gesto de misericórdia e um dever para todos os homens de boa vontade. O seu grito de dor não pode deixar indiferentes os indivíduos e instituições;, acrescentou.
O líder da Igreja Católica assinalou que a prostituição ;é uma ferida na consciência coletiva, um desvio ao imaginário corrente; e que não se pode ficar indiferente à situação. ;Ninguém deve olhar para o outro lado ou lavar as mãos do sangue inocente derramado nas ruas do mundo;, alertou o papa, que fez um apelo por solidariedade e acolhimento às vítimas de tráfico de pessoas, prostituição forçada e violência: ;Ninguém pode ser colocado à venda;.
No prefácio, o papa relatou uma visita a um abrigo da Comunidade do Papa João XXIII para encontrar mulheres ;crucificadas;, em uma das ;Sextas-Feiras da Misericórdia;, durante o último Jubileu, em agosto de 2016. Francisco disse ter pedido desculpas ;pela tortura que tiveram que suportar por causa de clientes, muitos dos quais se definem como cristãos;.
Eram jovens de países como Romênia, Albânia, Túnisia, Ucrânia e da própria Itália, que haviam conseguido escapar das mãos dos aliciadores. ;Respirei toda a dor, a injustiça e o efeito da subjugação. Uma oportunidade para reviver as feridas de Cristo. Depois de ter escutado as narrações comoventes e tão humanas dessas pobres mulheres, algumas delas com o filho nos braços, senti um forte desejo, quase exigência, de lhes pedir perdão pelas autênticas torturas que tiveram de suportar por causa dos clientes, muitos dos quais se definiam cristãos;, contou o pontífice.