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Professores instalam gangorras nas barreiras entre os EUA e o México

Como forma de protesto, brinquedos permitem a aproximação entre indivíduos nos Estados Unidos e México

Maria Baqui*
postado em 30/07/2019 16:39

Criança brinca em gangorra instalada na fronteira entre Estados Unidos e México Ronald Rael, professor de arquitetura e Virgínia San Fratello, professora de Design, da Universidade de Berkeley, na Califórnia, pensaram em uma forma criativa e lúdica de ressignificar a barreira que separa os Estados Unidos e o México: nesta segunda-feira (29/7) foi inaugurada uma gangorra que possibilita a aproximação de pessoas dos dois países.

Os estudiosos são idealizadores do projeto Borderwall as Architecture, um livro-manifesto contra as políticas migratórias do presidente Donald Trump. As gangorras foram instaladas entre uma estrutura metálica que divide um trecho da fronteira entre El Paso (EUA) e Ciudad Juaréz (México). A ideia do brinquedo é trazer de volta à população sentimentos de conforto e união.

"O muro se tornou um elemento simbólico para as relações entre os EUA e o México. Crianças e adultos foram conectados de maneira significativa em ambos os lados, com o reconhecimento de que as ações que acontecem de um lado têm uma consequência direta do outro lado", ressalta Rael em um post no Instagram.

A instalação se popularizou entre as pessoas próximas do local e tem filas de espera.

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A barreira


Ainda que muitos pensem que a construção da barreira que divide os Estados Unidos e o México seja um projeto arquitetado pelo presidente Donald Trump, muito antes das eleições presidenciais de 2016 a medida utilizada para diminuir a imigração ilegal já existia. Com mais de 3 mil quilômetros, cercando do Pacífico ao Atlântico, as barreiras são constituídas por muros, concreto, fossos profundos e uma enorme estrutura metálica que separa famílias e dificulta o contato entre as pessoas.

A defesa dos adeptos ao muro, para maior rigidez na fronteira, é o aumento da segurança americana, redução da entrada de drogas e terroristas no país, além da diminuição da drenagem de recursos, como salários e empregos. A construção do muro do México começou em 1991, com o Muro Fronteiriço, ainda no governo de George Bush, o pai.

Posteriormente, a proposta foi intensificada pelo ex-presidente Bill Clinton, na conhecida Operação Guardião, na qual 22,4 quilômetros de bloqueios foram edificados. Mais tarde, em meio ao caos causado pelo atentado de 11 de setembro de 2001, George W Bush intensificou a fiscalização em relação aos imigrantes, a fim de controlar a criminalidade e tráfico de drogas no país.

Com a Lei da Cerca de Segurança, mais 1120 quilômetros foram construídos ao longo da fronteira. Com a vitória do atual presidente Donald Trump e por ele declarado Estado de Emergência, a proposta de aumentar a dificuldade de imigração nos Estados Unidos ganhou força. Uma das principais e mais populares plataformas de sua campanha foi a extensão da barreira ao sul do país em centenas de quilômetros.

A Suprema Corte dos Estados Unidos ainda não concedeu verba suficiente para colocar em prática a total construção do muro. Mas autorizou, na sexta-feira, (27/7), que Donald Trump utilize U$ 2,5 bilhões públicos, que seriam gastos com militares, para reformar parte das plataformas de segurança da barreira. O presidente garantiu que a cerca metálica que foi construída seria o bastante para, ao menos, controlar a imigração.

* Estagiária sob a supervisão de Vinicius Nader

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