Agência France-Presse
postado em 30/07/2019 21:15
A Coreia do Norte lançou "múltiplos projéteis não identificados" nesta quarta-feira (horário local), informou Seul, dias depois do disparo de dois mísseis como advertência para ao Sul sobre manobras militares conjuntas com os Estados Unidos.
"Uma série de projéteis" foram disparados da área de Wonsan, na costa leste, ao amanhecer, disse um funcionário do Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul.
"Não podemos dizer neste momento a distância que eles percorreram e estamos analisando-os enquanto nos preparamos para possíveis lançamentos adicionais", disse o funcionário à AFP.
Não houve nenhuma declaração imediata da Coreia do Norte sobre o lançamento, que acontece seis dias depois de o líder Kim Jong Un supervisionar pessoalmente o disparo de dois mísseis, apesar de ter se encontrado com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no mês passado.
Pyongyang e Washington estão engajados em um longo processo diplomático sobre os programas de armas nucleares e mísseis balísticos da Coreia do Norte, que incluiu três reuniões de alto nível entre seus líderes no período de um ano.
A Coreia do Norte desafiou anos de isolamento e sanções para desenvolver seu arsenal e não abandonou nenhuma de suas armas.
Kim e Trump concordaram em retomar as negociações nucleares durante seu encontro improvisado em junho, na Zona Desmilitarizada que divide a península, mas esse diálogo em nível de trabalho ainda não começou.
Pyongyang alertou que as negociações podem ser prejudicadas pela recusa de Washington e Seul de abandonar as manobras anuais entre suas forças.
Falando a repórteres na quarta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, não citou o lançamento, mas disse que as negociações "começarão em breve".
- ;Aviso solene; -
Pyongyang disse que os lançamentos da última quinta-feira foram de "armas táticas guiadas" recém-criadas como uma "solene advertência aos belicistas sul-coreanos" sobre os planejados exercícios militares com os EUA.
Washington tem cerca de 30 mil soldados estacionados na Coreia do Sul para defendê-la de seu vizinho.
Os dispositivos disparados na quinta-feira foram amplamente descritos como mísseis balísticos, inclusive pelo Comando de Forças Combinadas EUA-Coreia do Sul e pelo governo de Seul, armas proibidas pelas resoluções do Conselho de Segurança da ONU sobre Pyongyang.
Mas Trump - que repetidamente divulgou seu relacionamento com Kim, cujo regime é amplamente acusado de abusos contra os direitos humanos - minimizou a linguagem belicista do Norte, dizendo que era um alerta para Seul e não para Washington.
"Ele não enviou um aviso para os Estados Unidos. Eles têm suas disputas, os dois têm suas disputas", declarou Trump.
O Korea Times condenou o que chamou de "ignorância intencional" do presidente americano em um editorial na terça-feira, antes dos últimos lançamentos.
Trump "dá a impressão de que ele não se importa com os lançamentos de mísseis, desde que eles sejam de curto alcance e não ameacem os EUA".
"Essa maneira de pensar é frustrante e perigosa", acrescentou. "Acima de tudo, ele pode dar o sinal errado ao Norte de que os EUA não intervirão enquanto o território dos EUA não for alvejado. E os aliados dos EUA na Ásia?".