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Criado primeiro ser híbrido de humano e macaco

postado em 01/08/2019 04:07

Pesquisadores espanhóis criaram um híbrido de macaco e ser humano. O experimento científico, que contou com a parceria de cientistas americanos, foi realizado na China, país que conta com maior liberdade para realização de pesquisas genéticas. O organismo foi destruído após as análises. Segundo os especialistas, o resultado é considerado um importante passo para a criação de órgãos humanos usando esse tipo de estrutura, também chamada de quimera.

Os embriões de macaco foram modificados geneticamente para desativar a formação de órgãos. Em seguida, os investigadores injetaram células humanas capazes de desenvolver qualquer tipo de tecido. ;Os resultados são muito promissores;, declarou ao jornal El País Estrella Nunes, uma das autoras do estudo e pesquisadora da Universidade Católica de Murcia (UCAM), na Espanha.

A equipe havia feito experimentos semelhantes com células de roedores e porcos. A pesquisa feita com suínos, em 2017, não rendeu os resultados obtidos agora com os primatas não humanos, porque as células humanas ;não pegaram;. Segundo eles, o desenvolvimento de cada célula humana exigiu 100 mil células de porco.

A equipe frisa que o trabalho atual, financiado pela UCAM, busca apenas desenvolver novas terapias. Segundo Estrella Nunes, há a possibilidade de animais se transformarem em ;fábricas; de órgãos para transplantes em humanos. ;O que queremos é progredir para o benefício das pessoas que têm uma doença;, declarou também ao El País Juan Carlos Izpisúa, um dos cientistas envolvidos no trabalho e pesquisador do Instituto Salk, nos Estados Unidos.

Ética
Também ao jornal espanhol, Ángel Raya, diretor do Centro de Medicina Regenerativa de Barcelona, ressaltou que as ;barreiras éticas; que podem ser enfrentadas nesse tipo de experimento. ;O que acontece se as células-tronco escaparem e formarem neurônios humanos no cérebro do animal? Terá consciência? E o que acontece se essas células pluripotentes se diferenciam em espermatozoides?;, ilustra. Segundo Estrella Núñez, foram habilitados ;mecanismos para que, se as células humanas migrassem para o cérebro, ela se destruiriam;.

Os investigadores ressaltam que ainda não podem revelar mais detalhes do experimento atual, pois aguardam a aprovação da publicação em uma revista científica. Enquanto isso, seguem avançando no estudo. Segundo Juan Carlos Izpisúa, a intenção é ;continuar a realizar experiências de células humanas com células de roedores e suínos, mas também com primatas em humanos;.


"(A intenção é) continuar a realizar experiências de células humanas com células de roedores e suínos, mas também
com primatas em humanos;


Juan Carlos Izpisúa (em pé), pesquisador do Instituto Salk e integrante da equipe

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