Agência France-Presse
postado em 01/08/2019 09:39
Joe Biden, favorito entre os democratas para enfrentar o presidente Donald Trump nas eleições de 2020, foi o principal alvo no segundo debate entre os pré-candidatos do partido, realizado nesta quarta-feira, em Detroit.
O ex-vice de Barack Obama foi confrontado sobre assistência médica, imigração, justiça penal e questões raciais, entre outros temas, no debate organizado pela CNN em Michigan, um estado conhecido por oscilar entre democratas e republicanos.
A tensão ficou rapidamente evidente entre Biden, que lidera as pesquisas entre os democratas com 32,2%, e o grupo de nove pré-candidatos que participou do debate de hoje.
Biden teve como principal algoz a senadora negra Kamala Harris (10,8%), que já havia batido no ex-vice no primeiro debate, em Miami, sobre questões raciais.
Harris voltou a questionar Biden por sua oposição, nos anos 1970, ao "busing", um sistema de transporte que buscava acabar com a segregação racial no ensino público. "Se estes segregacionistas tivessem vencido, eu não seria membro do Senado nem Barack Obama poderia tê-lo nomeado vice-presidente".
Biden criticou os custos do plano de assistência médica proposto por Harris, e a senadora respondeu que ele garante a verdadeira cobertura universal. "Vice-presidente Biden, você está simplesmente equivocado" sobre este assunto.
O único hispânico na disputa, Julián Castro (1%), disparou contra Biden por não apoiar sua ideia de descriminar as entradas não autorizadas pela fronteira.
Biden respondeu que jamais ouviu falar nisto quando era secretário de Habitação de Obama e Castro retrucou: "parece que um de nós aprendeu as lições do passado e outro não".
O senador Cory Booker (1,7%), outro candidato negro na disputa, também questionou a postura de Biden envolvendo a permanência de estudantes estrangeiros de doutorado no país, semelhante a de Trump, que favorece a chegada de imigrantes graduados.
Booker também criticou Biden por suas decisões sobre justiça penal: "neste momento há pessoas presas pelo resto da vida por crimes envolvendo drogas porque você defendeu esta retórica falsa".
Biden reagiu lembrando que quando Booker era prefeito de Newark defendeu a identificação e a detenção de suspeitos negros.
"Não se trata do passado. Trata-se do presente", retrucou Booker.
O prefeito de Nova York, Bill de Blasio (0,5%), alinhado à ala mais radical do partido, defendeu uma "reestruturação da sociedade". "Vamos cobrar impostos dos ricos".
No debate de terça-feira, Bernie Sanders e Elizabeth Warren foram criticados pelos pré-candidatos moderados.
As duas figuras democratas de perfil mais progressista foram duramente questionadas por candidatos menos conhecidos, que expressaram temor de que as ideias de Sanders e Warren afugentem os eleitores independentes, fortalecendo, assim, a reeleição de Donald Trump.
Sanders e Warren, com 16% e 14% das intenções de voto, respectivamente, são conhecidos críticos do poder de Wall Street e favoráveis a um sistema de saúde universal, representando uma opção à esquerda na corrida pela indicação democrata, que começará com as primárias de Iowa, em 3 de fevereiro.
Críticos alertam para os riscos de o partido Democrata se colocar muito à esquerda do espectro na corrida para 2020.
Como parte de sua estratégia de campanha, Trump não se cansa de afirmar que todos os pré-candidatos democratas abraçaram o "socialismo radical".