postado em 03/08/2019 04:06
Os decretos da monarquia da Arábia Saudita que reconhecem novos direitos às mulheres, inclusive o de viajar sem a permissão de um tutor, causaram ontem grande discussão no reino e dividiram as opiniões dos súditos do rei Salman bin Abdulaziz Al Saud.
De um lado, os defensores do pacote de medidas, que também avançou em questões trabalhistas, viram a iniciativa como um progresso histórico. De outro, os que acreditam que tudo isso ;contraria o Islã;.
Desde quinta-feira, as sauditas com mais de 21 anos podem obter passaporte e viajar para o exterior sem autorização prévia do pai, marido, filho ou outro parente. Outras mudanças que enfraquecem o sistema de tutor obrigatório incluem a possibilidade de elas declararem oficialmente um nascimento, casamento ou divórcio e que possam ser titulares da autoridade parental de seus filhos menores, prerrogativas que até agora eram reservadas aos homens.
Houve uma onda de apoio na internet, com hashtags e memes. Para a princesa Rima Bint Bandar, primeira mulher embaixadora da Arábia Saudita nos Estados Unidos, nomeada em fevereiro, está sendo escrita uma nova página na História. ;É uma abordagem [...] que criará incontestavelmente uma mudança;, escreveu no Twitter.
As reformas fazem parte da série de medidas de liberalização do príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman, homem forte do reino ultraconservador que tenta, além disso, modernizar a economia, muito dependente do petróleo. A mais emblemática dessas reformas foi a que permitiu que as mulheres dirigissem, em vigor desde junho de 2018. Recentemente, elas também foram autorizadas a assistir a partidas de futebol e a trabalhar em funções antes reservadas aos homens.