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Pyongyang acusa EUA e Coreia do Sul de falta de 'vontade' para negociações

As manobras militares entre Estados Unidos e Coreia do Sul representam uma "violação flagrante" aos esforços de paz.

A Coreia do Norte afirmou nesta terça-feira (6) que as manobras militares entre Estados Unidos e Coreia do Sul representam uma "violação flagrante" aos esforços de paz na península coreana e refletem uma falta de "vontade política" para melhorar as relações.

Os comentários de um porta-voz não identificado do Ministério das Relações Exteriores norte-coreano foram divulgados pela agência estatal norte-coreana KCNA, depois de Pyongyang lançar dois "projéteis não identificados" da sua costa leste, segundo a agência sul-coreana Yonhap, que citou o chefe do Estado-Maior.

"Apesar das nossas reiteradas advertências, as autoridades dos Estados Unidos e da Coreia do Sul iniciaram seus exercícios militares, que têm como alvo a República Democrática da Coreia", destacou o funcionário da chancelaria norte-coreana.

"É uma negativa aberta e uma violação flagrante da declaração conjunta de 12 de junho de Coreia do Norte e Estados Unidos, da Declaração de Panmunjom e da Declaração Conjunta de setembro".

Todos estes documentos pretendiam "estabelecer uma nova relação entre Coreia do Norte e Estados Unidos, e construir um regime de paz duradouro e estável na península coreana".

Segundo o funcionário, os Estados Unidos enviaram "uma enorme quantidade de modernos equipamentos militares ofensivos" ao território da Coreia do Sul.

Isto demonstra, segundo a mesma fonte, que americanos e sul-coreanos "persistem em nos ver como inimigos".

O mesmo funcionário destacou que o governo da Coreia do Norte se mantém em sua posição de tentar "resolver os problemas através do diálogo", apesar de isto se tornar cada vez mais difícil.

"A situação atual afeta dramaticamente nosso desejo de implementar acordos com Estados Unidos e intercoreanos, de forma que também afeta as perspectivas do futuro diálogo".

A Coreia do Norte deverá buscar "um novo caminho", revelou o funcionário, retomando a retórica agressiva ao afirmar que se Estados Unidos e Coreia do Sul seguirem ignorando as advertências "pagarão um alto preço".

Segundo o Estado-Maior das Forças Armadas da Coreia do Sul, o Norte disparou "dois projéteis" com características de "mísseis balísticos de curto alcance", a partir da costa da província de Hwanghae.

Os projéteis percorreram cerca de 450 km em direção ao Mar do Japão, a uma altitude de 37 km e a uma velocidade de "ao menos Mach 6,9".

Após um ano de ameaças e tensão crescente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong Un, mantiveram um histórico encontro no ano passado em Singapura, quando firmaram um vago documento sobre a "desnuclearização" da península.

Os dois líderes voltaram a se encontrar no Vietnã, em uma reunião que terminou sem qualquer acordo, e finalmente se reuniram na linha de demarcação que separa as duas Coreias.

No último encontro, Trump e Kim concordaram em manter os canais de comunicação abertos, mas os contatos em nível técnico ainda não foram retomados.