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Irã está aberto a negociar com EUA em troca da retirada de sanções

Taxas começaram após o país americano sair do acordo internacional sobre o programa nuclear

Agência France-Presse
postado em 06/08/2019 15:52
Hassan Rohani, presidente do Irã O governo iraniano disse estar disposto a negociar com os Estados Unidos, caso Washington suspenda suas sanções contra Teerã - anunciou o presidente Hassan Rohani nesta terça-feira (6/8).

[SAIBAMAIS] "A República Islâmica do Irã é favorável às negociações e, se os Estados Unidos quiserem realmente conversar, antes de mais nada têm de suspender todas as sanções", declarou Rohani na televisão.

Depois de se retirar em maio de 2018 do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano firmado em 2015, Washington restabeleceu uma série de sanções econômicas contra Teerã, acusado de desestabilizar a região. Desde então, as tensões aumentaram entre ambos os países.

Em julho, o Irã deixou de cumprir alguns compromissos do acordo e ameaça continuar nesse caminho, se os demais Estados-parte (Reino Unido, Alemanha, França, China e Rússia) não o ajudarem a evitar as sanções americanas, que asfixiam sua economia.

Nesta terça, o presidente iraniano afirmou que Teerã está disposta a negociar, mesmo que os Estados Unidos não façam mais parte do acordo.

"Queiram, ou não, fazer parte do JCPOA [as siglas do acordo de 2015], eles têm de decidir", completou Rohani.

"Se quiserem discussões, devem abrir o caminho. O caminho que leva a elas passa pelo arrependimento. Não há outras vias", insistiu, considerando que "a paz com o Irã é a mãe de todas as pazes" e, "a guerra com o Irã, a mãe de todas as guerras".

O presidente deu estas declarações do Ministério das Relações Exteriores em Teerã, onde se reuniu com o ministro Mohammad Javad Zarif.

- Ponto morto -
Em resposta, o embaixador americano para o Desarmamento, Robert Wood, assegurou que o presidente Donald Trump "estava disposto a sentar e discutir com o Irã".

"Não estamos seguros de que o Irã queira manter esta discussão", comentou, no entanto.

Na segunda, Zarif confirmou ter rejeitado um convite para se reunir com o presidente americano, Donald Trump, apesar das ameaças de sanções.

Dois dias antes, a revista americana "The New Yorker" havia informado que o senador americano Rand Paul se reuniu com Zarif em Nova York em julho. Neste encontro, convidou Zarif, com o sinal verde de Trump, a ir à Casa Branca.

Hoje, o presidente Rohani saiu em defesa de seu chanceler, criticado no Irã pelos partidários da linha-dura em relação aos Estados Unidos. O acordo trouxe "tantas vitórias econômicas [para o Irã] que enfureceu alguns", afirmou.

Desde maio, a tensão foi aumentando entre Washington e Teerã, após várias sabotagens e ataques de navios no Golfo e da destruição de um drone americano por parte do Irã.

A derrubada do drone fez surgir o medo de uma escalada no conflito. No último minuto, Trump afirmou que havia cancelado um ataque de represália ao Irã, após enviar mais soldados para a região.

"Se quiserem segurança, se seus soldados quiserem segurança na região, [então aceitem] a segurança em troca de segurança", disse Rohani nesta terça.

Pouco depois, o ministro iraniano da Defesa, general Amir Hatami, apresentou três novos tipos de mísseis teleguiados de precisão. Segundo ele, são a prova da capacidade do Irã de se defender diante "da traição e das conspirações" americanas.

Nesse contexto, a captura por parte do Irã de três petroleiros estrangeiros no Golfo em menos de um mês avivou a pressão.

O segundo incidente de barco interceptado, um navio sueco com bandeira britânica, aconteceu 15 dias depois de as autoridades britânicas capturarem, em 4 de julho, um petroleiro iraniano frente a Gibraltar, no sul da Espanha.

"É impossível que o Estreito de Ormuz esteja livre para vocês e que o Estreito de Gibraltar não esteja (livre) para nós", frisou Rohani.

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