postado em 15/08/2019 04:06
Os Estados Unidos voltaram ontem a expressar preocupação com a crise política em Hong Kong e a ameaça persistente do regime comunista de Pequim de intervir no território para conter ;ameaças de tipo terrorista;. Sob o impacto de agressões a cidadãos da China continental, na noite de terça-feira, em meio a confrontos entre ativistas pró-democracia e as forças de segurança no aeroporto da cidade, um porta-voz do governo chinês renovou as advertências a ;manifestantes radicais; sobre o ;crime grave; caracterizado pelos ataques a policiais e a passageiros que se apresentam para embarque e desembarque no terminal ; que voltou a operar sem interrupções após dois dias de voos suspensos pelos protestos.
;Condenamos com veemência os atos de tipo terrorista;, afirmou Xu Luying, porta-voz do Escritório de Assuntos de Hong Kong e Macau do governo chinês. O aeroporto da cidade, o oitavo mais movimentado do mundo, com a passsagem registrada de 74 milhões de passageiros em 2018, funcionou normalmente ontem, depois de dois dias em que chegou a ser fechado por conta do caos criado pela ocupação dos terminais. Apoiados pelos moradores do território, os manifestantes agrediram dois homens suspeitos de serem agentes do regime comunista. Um deles foi retirado de ambulância. Carrinhos de bagagem foram usados como barricadas improvisadas, e um policial foi filmado sacando a arma quando era atacado por ativistas.
;Reservem um tempo para refletir, olhem para a nossa cidade, a nossa casa;, apelou aos cidadãos a chefe do governo local, Carrie Lam, apontada por Pequim e transformada no alvo central de 10 semanas de protestos no terriório. ;Vocês querem realmente levar-nos ao abismo?;, questionou. A onda de manifestações começou em junho, em repúdio a um projeto de lei, apresentado pela governadora, que permitiria extraditar cidadãos de Hong Kong para a China continental ; medida vista pelos manifestantes como ameaça aos opositores do regime. Lam retirou a proposta, mas desde então centenas de milhares de pessoas foram às ruas para exigir a sua demissão e a adoção de reformas democráticas.
Intervenção
O discurso das autoridades comunistas foi reforçado pela cena, repetida por dois dias na mídia oficial, de blindados transportando tropas para a região de Shenzhen, no sul da China, limítrofe a Hong Kong. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que na véspera havia manifestado preocupação com a movimentação militar, voltou a comentar a crise ontem, e propôs ao colega chinês, Xi Jinping, uma reunião para discutir o impasse. Um alto funcionário de Washington afirmou que o governo americano observa com apreensão ;o envio de forças paramilitares; para a fronteira da cidade e instou o regine de Pequim a ;respeitar a autonomia; do território.
Hong Kong foi reincorporada à soberania da China em 1997, após um século e meio como colônia britânica. O acordo de transferência garante a preservação da economia capitalista na cidade, sob o lema ;um país, dois sistemas;, e prevê autonomia administrativa parcial. Mas o órgão legislativo do território tem metade dos seus integrantes indicados por Pequim, que define também o nome do governador. A Chinha mantém um contingente militar de efetivo simbólico, mas tem autoridade sobre a polícia.
;Reservem um tempo para refletir, olhem para a nossa cidade, a nossa casa.
Vocês querem realmente levar-nos ao abismo?;
Carrie Lam, governadora de Hong Kong