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Droga experimental evita toxicidade da imunoterapia

postado em 15/08/2019 04:06
Câncer após cirurgia (E) e com 175 dias de tratamento: defesa reforçada
Drogas imunoterápicas são uma maneira potente de transformar o sistema imunológico em um cão de guarda feroz, que pode farejar e destruir células tumorais. Porém, em alguns casos, é preciso uma coleira para freá-lo, ou ele acaba fazendo mais mal do que bem, por estimular a imunidade de maneira exagerada, o que causa toxicidade sistêmica.

Um novo teste clínico realizado por pesquisadores do Brigham and Women;s Hospital e do Dana-Farber Cancer Institute se propôs a testar a segurança e a eficácia do controle de uma imunoterapia poderosa, conhecida como interleucina-12 humana (hIL-12), usando um ativador oral. Trata-se de uma droga que pode controlar mais precisamente a ação do tratamento em pacientes com glioblastoma recorrente, uma das formas mais agressivas de tumor cerebral.

A proteína hIL-12 pode estimular muitos ramos do sistema imunológico, mas testes clínicos anteriores bem-sucedidos no combate ao câncer de cérebro foram interrompidos por causa da toxicidade. Os resultados do novo estudo clínico são mais promissores, segundo um estudo publicado na revista Science Translational Medicine.

A abordagem de terapia gênica induzida por drogas mostrou efeitos antitumorais, com efeitos colaterais toleráveis e reversíveis. Segundo os autores, o estudo estabelece as bases para ensaios clínicos mais robustos dessa terapia, com potenciais aplicações para o glioblastoma e outros tipos de câncer. ;Esses resultados nos dão esse vislumbre de esperança;, diz um dos autores, Antonio Chiocca, MD, PhD, presidente do Departamento de Neurocirurgia no Brigham. ;Acreditamos que, agora, é possível fazer imunoterapia genética controlada. O tratamento foi bem tolerado em pacientes com glioblastoma, com algumas evidências encorajadoras de que a droga está tendo o efeito pretendido;, conta.

Corticosteroides
O glioblastoma é um câncer agressivo e incurável, com sobrevida global mediana de 15 meses. Os pacientes passam por cirurgia, radioterapia e quimioterapia, mas, em quase todos os casos, os tumores retornam em poucos meses. Quando o câncer recorre, a sobrevida global mediana é de apenas alguns meses. No atual estudo multicêntrico, 31 pacientes com glioblastoma recorrente receberam uma dose do ativador oral antes da cirurgia para remover tumores cerebrais. Eles também tomaram uma injeção de um vetor hIL-12 (Ad-RTS-hIL-12), que administrou a droga IL-12 no momento da cirurgia. Então, continuaram tomando o ativador por 14 dias.

A equipe descobriu que tomar corticosteroides durante a terapia gênica com IL-12 afeta negativamente a sobrevida. Essas substâncias são prescritas para aliviar o inchaço do cérebro, mas também são imunossupressores, potencialmente diminuindo a eficácia da terapia. No geral, os doentes que tomaram 20mg do ativador oral com o mínimo de corticosteroides apresentaram sobrevida global mediana de 17,8 meses, contra 6,4 meses no caso daqueles que tomaram o corticoide.

Embora esses tempos médios de sobrevida global sejam favoráveis em comparação com controles históricos de glioblastoma recorrente, estudos mais avançados com mais pacientes precisarão ser realizados para confirmar se o tratamento é realmente eficaz.

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