postado em 18/08/2019 04:12
Seis dias depois da derrota de Mauricio Macri nas primárias do último domingo e após uma das maiores quedas da bolsa argentina da história, Nicolás Dujovne renunciou, ontem, ao cargo de ministro da Fazenda. Em uma carta de despedida enviada ao presidente, o assessor abordou os acertos e os erros ocorridos durante sua gestão. ;No dia de hoje, decidi apresentar minha renúncia. (;) Eu o faço convencido de que, em virtude das circunstâncias, a gestão que lidera necessita de uma renovação significativa na área econômica;, escreveu Dujovne. A pasta já possui um substituto: o ministro da Fazenda da província de Buenos Aires, Hernán Lacunza.
De acordo com o jornal La Nación, rumores apontando a renúncia começaram a circular na quarta-feira. Isso fez com que o nome de Lacunza fosse cogitado como alternativa para o Palácio do Tesouro. Dujovne não foi visto nos anúncios econômicos feitos pelo governo, o que também impulsionou os comentários. O jornal informou que a substituição contará com uma transição considerada mais suave, e que a maior parte da equipe de Dujvone continuará a trabalhar na pasta. Lacunza entrou em contato com a equipe da governadora de Buenos Aires, Maria Eugenia Vidal, na manhã de ontem. Em seguida, embarcou em um voo para encontrar o presidente Macri.
Dujovne abandona o cargo em meio a um aprofundamento da crise econômica na Argentina, após as eleições primárias de domingo passado, que deram um duro golpe nas aspirações de reeleição de Mauricio Macri, em 27 de outubro. A chapa do opositor Alberto Fernández e da candidata a vice Cristina Fernández de Kirchner obteve quase a metade dos votos na consulta, destinada a confirmar as alianças para as presidenciais, contra pouco mais de 32% para o atual presidente.
O resultado derrubou a bolsa argentina. A cotação do dólar e o risco-país ; que mede a capacidade de cumprimento das obrigações financeiras de um Estado ; dispararam ante o temor dos mercados de um retorno ao poder da ex-presidente peronista, que comandou um governo praticamente isolado do mercado financeiro internacional até 2015.
Segundo o economista Miguel Boggiano, CEO da Carta Financera (em Buenos Aires) e professor de mestrado em finanças pela Universidad de San Andres (em Victoria, província de Buenos Aires), a renúncia de Dujovne era especulada pela mídia argentina. ;Na realidade, isso não muda muito o plano econômico. O governo de Macri praticamente não possui mais margem de manobra, tanto no âmbito da economia quanto no da política. Além da saída confirmada de Dujovne, fala-se da renúncia também de Marcos Peña, chefe de gabinete de Macri;, afirmou ao Correio. Ele acredita que as duas modificações possam representar uma pequena melhora nas chances do presidente de permanecer no governo até as eleições de outubro.