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Ancara condena ataque aéreo a comboio militar turco na Síria

Tragédia deixou cerca de dezenas de civis mortos e outros 12 feridos

Agência France-Presse
postado em 19/08/2019 15:00
Comboio militar turco indo para Khan Sheikhun Um comboio militar turco enviado nesta segunda-feira (19/8) para o sul de Idlib, após a entrada de tropas sírias em Khan Sheikhun, foi bombardeado pela aviação síria e russa, o que foi alvo de críticas por parte de Ancara.

[SAIBAMAIS] "Condenamos firmemente este ataque, que contradiz os acordos existentes, a cooperação e o diálogo com a Rússia", afirmou o governo turco, em um comunicado.

O ataque provocou a morte de três civis e feriu outros 12, acrescenta a nota, sem especificar a nacionalidade das vítimas.

Nesta segunda, um jornalista da AFP observou um comboio de cerca de 50 veículos, entre eles blindados para transporte de tropas e pelo menos cinco tanques, que se dirigia para Marat al-Noman, uma pequena cidade comercial 15 quilômetros ao norte de Khan Sheikhun.

Em represália pela chegada do comboio turco, a Força Aérea russa atacou uma caminhonete pertencente a um dos grupos rebeldes que abriam caminho para a coluna armada, perto de Marat al-Noman, afirmou o OSDH.

Um membro da Faylaq al-Sham, integrante da Frente Nacional de Libertação (FNL), uma coalizão de grupos rebeldes apoiados por Ancara, morreu no incidente. O comboio parou por um breve período e, depois, retomou seu caminho.

Além disso, também nesta segunda, houve violentos combates ao redor de Tell Teri, uma colina estratégica situada ao leste de Khan Sheikhun, disse à AFP o porta-voz da FNL, Naji Mustafa.

"Os reforços estão a caminho das posições militares turcas em Morek", indicou Mustafa, que acusou Moscou de adotar uma "política de terra arrasada para controlar Khan Sheikhun e o norte de Hama".

Ao norte da cidade, houve intensos bombardeios aéreos contra a estrada.

"Veículos turcos carregados com munições (...) se dirigem para Khan Sheikhun para socorrer os terroristas", criticou, por sua vez, uma fonte do Ministério sírio das Relações Exteriores, citada pela agência oficial Sana.

"Este comportamento hostil do regime turco não afetará em nada a determinação do Exército sírio", garantiu a mesma fonte.

Respeito do cessar-fogo
No domingo (18/8), pela primeira vez desde 2014, as forças do governo sírio entraram nesta localidade controlada por extremistas e rebeldes apoiados por Ancara.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) confirmou este ataque sírio-russo contra o comboio.

E, depois de três meses de duros combates no norte da província de Hama, as forças de Bashar al-Assad avançam no sul de Idlib.

Nos últimos dias, o governo tenta avançar sobre dois eixos, segundo o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

O primeiro objetivo é ampliar seu controle até o norte de Khan Sheikhun, para alcançar a estrada estratégica "que une Damasco a Aleppo (norte)", afirmou Abdel Rahman.

O segundo é avançar para a cidade, pelo leste, o que permitiria cercar o norte de Hama. Isso inclui a cidade de Morek, onde fica o principal posto de observação turco.

Em tese, a região de Idlib se encontra protegida por um acordo sobre uma "zona desmilitarizada", firmado em setembro de 2018 por Ancara, aliado dos rebeldes, e Moscou. O pacto foi aplicado apenas parcialmente, porém, já que os jihadistas se han negaram a se retirar.

Segundo analistas, os recentes episódios revelam um claro "desacordo" entre seus signatários.

O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu nesta segunda ao governo Assad e a seu aliado, Vladimir Putin, que respeitem o cessar-fogo de Idlib.

"É imperioso que o cessar-fogo decidido e firmado em Sochi (na Rússia) seja realmente respeitado", declarou, juntamente com Putin, em sua residência de verão, no Forte de Brégançon, no sudeste da França.

Já o presidente Putin afirmou que a Rússia "apoia o Exército sírio para eliminar as ameaças terroristas em Idlib".

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