Agência Estado
postado em 19/08/2019 09:07
O governo da Espanha ofereceu ontem o Porto de Algeciras para receber o barco Open Arms, que há dias permanece bloqueado em frente à Ilha de Lampedusa, na Itália, com 107 imigrantes a bordo, que não têm permissão para desembarcar.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, tomou a decisão devido à situação de emergência no barco, após duas semanas de navegação, informou o governo, em nota. "A inconcebível resposta das autoridades italianas, e especificamente do seu ministro do Interior, Matteo Salvini, de fechar todos os portos, assim como as dificuldades expostas por outros países do Mediterrâneo Central, levaram a Espanha a liderar novamente a resposta a uma crise humanitária."
No entanto, um porta-voz da ONG rejeitou a oferta alegando que a situação é de "emergência humanitária" e, após 17 dias no mar, eles não estão em condições de enfrentar uma jornada tão longa. "Não aceitamos a Espanha. Não podemos pôr em perigo a segurança e a integridade física dos imigrantes e da tripulação. Precisamos desembarcar agora", insistiu.
A situação desesperadora no navio levou quatro imigrantes a se lançaram à água com coletes salva-vidas e tentarem alcançar a ilha a nado, a mais de um quilômetro de distância.
A disputa acontece após o desembarque em Lampedusa, no sábado, de 27 menores desacompanhados que estavam no Open Arms. Salvini aceitou com má vontade o pedido do premiê italiano, Giuseppe Conte.
O plano do governo espanhol era de, que após o desembarque, seis países europeus (França, Alemanha, Portugal, Luxemburgo e Romênia, além da Espanha), recebessem os imigrantes.
O governo escolheu o Porto de Algeciras por considerar que é o mais preparado para a operação. Ali funciona, há um ano, o Centro de Atenção Temporária para Estrangeiros (CATE), com capacidade para atender 600 migrantes, identificando-os antes de encaminhá-los à rede de acolhida.
"Os portos espanhóis não são os mais próximos nem os mais seguros para o Open Arms, mas neste momento a Espanha é o único país disposto a acolher no âmbito de uma solução europeia", explica o comunicado do governo.
As fontes consultadas por agências internacionais ressaltam que é a primeira vez que um país se nega a permitir o desembarque de imigrantes apesar de contar com o compromisso de que nenhum deles ficará em seu território.
Para analistas, a atitude do governo italiano é um sinal da disputa política entre os líderes do Movimento 5 Estrelas e da ultradireitista Liga, que formam a coalizão que governa o país e se desmanchou nos últimos meses. Amanhã, o Parlamento deve convocar eleições antecipadas no país. ( Com agências internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.