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Governo Trump testa míssil

Pentágono anuncia, 16 dias após fim do tratado INF, o primeiro lançamento de um projétil convencional de médio alcance desde a Guerra Fria. Para Moscou, mais um sinal de que Washington violava o acordo

Correio Braziliense
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postado em 20/08/2019 04:05
Imagem oficial do lançamento, na ilha de San Nicolas: 500km de voo
Dezesseis dias após o encerramento do Tratado de Armas Nucleares de Alcance Intermediário (INF, sigla em inglês), celebrado entre os Estados Unidos e a Rússia, a corrida por desenvolvimento de novos mísseis foi retomada. Por meio de um comunicado, o Pentágono anunciou ontem ter realizado na véspera, com sucesso, o primeiro teste de um foguete convencional de médio alcance desde a Guerra Fria.

;O míssil abandonou sua rampa de lançamento e atingiu com precisão seu alvo depois de mais de 500km de voo;, informou a nota, segundo a qual o teste foi realizado às 14h30 (horário local) de domingo, na ilha de San Nicolas, em frente à costa de Califórnia. Imagens divulgadas pelas Forças Armadas mostram o projétil em um sistema de lançamento vertical Mark 41.

;Os dados coletados e as lições aprendidas com esse teste darão ao Departamento de Defesa as informações necessárias para o desenvolvimento de novas armas de médio alcance;, assinalou o Pentágono. Um funcionário do governo norte-americano disse, sob condição de anonimato, que o míssil testado é uma ;variação do míssil de cruzeiro de ataque Tomahawk;.

Acusações
A retomada rápida do desenvolvimento de novos mísseis terra-ar por parte dos EUA não é uma supresa. Foi antecipada ainda em 2 de agosto passado, quando Washington e Moscou abandonaram o tratado INF, assinado em 1987 por Ronald Reagan e Mikhail Gorbachov para proibir o uso de mísseis de médio alcance (de 500 a 5.000 km), tanto convencionais como nucleares. O governo de Donald Trump justificou sua decisão alegando que os russos violavam o tratado. Moscou afirma o contrário.

Para o deputado russo Yuri Chvitkin, vice-presidente da Comissão de Defesa da Duma, Câmara Baixa do Parlamento russo, ;os ensaios desse míssil confirmam mais uma vez que os Estados Unidos violavam o acordo INF;. ;Preparavam sua saída unilateral;, disse o parlamentar à agência russa Ria-Novosti.

Em visita à França, o presidente russo, Vladimir Putin, culpou os Estados Unidos pelo fim do tratado. ;Não foi a Rússia que se retirou de forma unilateral do tratado;, declarou, acrescentando: ;Agora se estuda a recondução do tratado Start III. Até o momento tampouco vemos alguma iniciativa por parte de nossos parceiros americanos, embora já tenhamos transmitido nossas propostas.; A última versão desse acordo, que mantém os arsenais nucleares dos Estados Unidos e da Rússia muito abaixo do nível alcançado durante a Guerra Fria, termina em 2021.

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