postado em 21/08/2019 04:06
Começou na noite de ontem, em Lampedusa, na Sicília, o desembarque de mais de 80 migrantes resgatados no Mediterrâneo pelo navio Open Arms (;braços abertos;, mesmo nome da organização humanitária espanhola que o opera), que estava desde a última quinta-feira diante da ilha italiana, proibido de aportar pelo ministro do Interior, Matteo Salvini. A ordem foi revertida pelo Ministério Público, após uma inspeção médica conduzida pela Polícia Judiciária. A ONG vinha alertando que a situação a bordo era ;insustentável; e, durante a tarde, lanchas da Marinha espanhola, enviadas para socorro, tiraram do mar viajantes que tentavam chegar a nado à costa siciliana.
O Open Arms chegou ao litoral italiano com 147 migrantes, mas no fim de semana foram desembarcados dezenas de menores de idade e doentes. A ordem do promotor Luigio Patronaggio, de Agrigento (Sicília), resolveu o embate entre Salvini e o primeiro-ministro Giuseppe Conte, que tinha avalizado um acordo pelo qual seis países europeus (Espanha, França, Alemanha, Portugal, Luxemburgo e Romênia) tinham aceitado acolher os candidatos a refúgio. Alguns deles estavam a bordo havia 19 dias, em condições precárias de higiene e alimentação.
;A situação está fora de controle;, tuitou a Open Arms durante a tarde. Em resposta, o governo espanhol fretou um navio militar e o enviou a Lampedusa com a missão de levar os migrantes para Mallorca, cerca de 1.000km a oeste da Sicília. O navio de patrulha Audaz chegou a recolher dezenas de pessoas, mas o governo de Madri não respondeu de imediato se ele retornaria a Lampedusa, após a ordem do MP italiano autorizando o desembarque em Lampedusa.
O procurador de Agrigento também abriu investigação ;contra desconhecidos; por sequestro de pessoas. No Facebook, Salvini afirmou que seria ele o alvo. ;Se alguém acredita que me espanto com a enésima denúncia e petição de processo, engana-se;, respondeu. ;Seria uma piada ter conseguido convencer a Espanha a enviar um navio [para resgatar os migrantes] e, agora, agir para que desembarquem na Itália e fazer com que se julgue o ministro do Interior, que continua defendendo as fronteiras do país.;
Com a decisão sobre o Open Arms, resta apenas um navio humanitário com migrantes a bordo, diante da costa da Líbia ; principal ponto de saída dos refugiados em direção à Europa. O Ocean Viking, operado pelas ONGs SOS Méditerranée e Médicos Sem Fronteiras, continua buscando um porto seguro para as mais de 350 pessoas que resgatou.
147
Total de viajantes que chegaram à costa italiana, na semana passada, a bordo do navio humanitário espanhol