postado em 21/08/2019 04:06
Com efeitos tão e ; muitas vezes ; até mais devastadores que a obesidade, a anorexia nervosa preocupa pesquisadores que buscam melhores tratamentos para distúrbios alimentares. Pouco falada, a condição é a que tem maior índice de mortalidade entre transtornos mentais, segundo o Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos. Dados globais apontam que morrem mais pacientes anoréxicos que de alguns tipos de câncer.
Em um estudo publicado, na sexta-feira, na revista nature Communications, pesquisadores do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas em Houston (UTHealth) descobriram um neurocircuito em ratos que, quando ativado, aumenta os níveis de estresse dos roedores, diminuindo o desejo de comer. De acordo com eles, a identificação dessa rede neuronal pode ajudar a desenvolver tratamentos para a anorexia nervosa. Qingchun Tong, autor principal da pesquisa, acredita que ela é uma das primeiras a demonstrar o papel desse grupo de neurônios na regulação tanto do estresse quanto da fome.
O cientista explica que, enquanto pesquisas anteriores já haviam estabelecido que o estresse pode tanto aumentar quanto diminuir o desejo de comer, os mecanismos que agem na regulação das respostas alimentares ao estresse continuam amplamente desconhecidos.
Intervenção
A equipe se concentrou em um neurocircuito que conecta duas partes do cérebro do rato: o hipotálamo paraventribular (zona associada à alimentação) e o septo ventral lateral (região emocional do órgão). Esse sistema funciona como o botão de um interruptor, que pode ser ligado ou desligado.
Quando os pesquisadores ativaram o neurocircuito, houve um aumento nos níveis de ansiedade e uma redução do apetite nos animais. De forma oposta, ao desligar o sistema, a ansiedade era reduzida, aumentando a fome. Para ligar e desligar os neurônios, os cientistas usaram uma tecnologia chamada optogenética. ;Embora ainda precisemos validar essas descobertas, ratos e seres humanos têm sistemas nervosos similares. Então,
acreditamos que nossa pesquisa possa lançar luz sobre as partes do cérebro humano que regulam a fome;, diz.
Magreza perigosa
A anorexia nervosa caracteriza-se por recusar comida ou ingerir quantidades muito pequenas de determinados alimentos. Mesmo quando perigosamente magras, as pessoas com o problema tendem a se enxergar como acima do peso. A estimativa é de que de 0,5% a 1% de mulheres jovens tenham esse problema. Nessa população, a prevalência de transtornos do apetite é de 9% a 13%.