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Esquerda prepara retorno

O Partido Democrático, que vinha de derrotas eleitorais e divisões internas, leva hoje ao presidente Sergio Mattarella a proposta de um governo de coalizão com o Movimento Cinco Estrelas, para evitar a convocação de eleições antecipadas

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 22/08/2019 04:07

O Partido Democrático (PD), herdeiro do Partido Comunista Italiano (PCI) e núcleo do polo de centro-esquerda, apresenta hoje ao presidente Sergio Mattarella sua proposta para superar a crise política aberta na terça-feira pela renúncia do primeiro-ministro Giuseppe Conte e pelo fim da coalizão entre o Movimento Cinco Estrelas (M5S, legenda de protesto) e a Liga, de extrema direita. O PD chegou a acordo para compor um gabinete com o M5S e, assim, evitar as eleições antecipadas reclamadas pelo líder da Liga, Matteo Salvini, convencido de que seu partido sairia das urnas com maioria.

;Demos um grande passo, porque o partido está unido em torno de uma decisão;, disse o líder do PD, Nicola Zingaretti, comemorando a aprovação da proposta nas instâncias internas. Calejado por uma sequência de maus resultados eleitorais, a centro-esquerda apresentava divisões em torno dos rumos a seguir, mas a crise de governo provocada por Salvini deu ao dirigente as condições para aprovar um documento que define as condições para uma coalizão com o M5S ; proposta lançada inicialmente pelo ex-premiê Matteo Renzi, último dirigente do PD a chefiar um governo.

A legenda de protesto fundada pelo comediante Beppe Grillo saiu das urnas, em março de 2018, com 32% dos votos e a maior bancada parlamentar, mas só chegou a compor a maioria para governar em aliança com a Liga, de Salvini, que teve 17% e integrava até então o bloco de centro-direita liderado pelo partido Força Itália, do ex-premiê Silvio Berlusconi. O PD, também com 17%, se apresenta para formar um governo com o M5S na condição de sócio menor, mas definiu condições para um acordo, expostas ontem publicamente.

Programa
;Não vamos fazer um acordo por baixo da mesa;, declarou Zingaretti. ;Apresentamos a proposta de um programa viável e compartilhado por uma ampla maioria do parlamento;, completou. ;Pertencer à União Europeia, reconhecer plenamente a democracia representativa e a centralidade do parlamento, promover o desenvolvimento baseado no respeito ao meio ambiente, mudar o rumo na gestão dos fluxos migratórios, com papel preeminente para a UE, direcionar a política econômica e social para maior investimento e redistribuição da renda;, detalhou o líder do PD, enumerando os cinco pontos da proposta que levará ao chefe de Estado.

Zingaretti, porém, se mostra refratário à ideia de que o premiê Giuseppe Conte seja reconduzido à chefia do governo. Em junho de 2018, esse jurista e professor sem filiação partidária surgiu como solução para viabilizar a coalizão entre M5S e Liga e evitar a repetição das eleições, após um resultado que não permitia a nenhum dos blocos até então predominantes formar uma maioria parlamentar. Conte, porém, entrou em rota de colisão com Salvini nos últimos meses. Em especial desde o fim de maio, quando a Liga saiu das eleições europeias como o partido mais votado na Itália, com 34% ; patamar mantido nas últimas pesquisas de opinião.

;Deve ser um governo forte, que una o país, diferentemente do atual, que apenas compartilha objetivos;, pontuou o líder da centro-esquerda. ;Caso contrário, o melhor é mesmo ir de novo às urnas.;

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