Agência France-Presse
postado em 23/08/2019 17:25
O chefe da diplomacia iraniana, Mohammad Javad Zarif, disse nesta sexta-feira (23/8) em uma entrevista exclusiva à AFP que as propostas do presidente francês Emmanuel Macron para desbloquear a crise em torno do dossiê nuclear de Teerã estão indo na direção certa, embora seja preciso continuar trabalhando a respeito. "O presidente Macron fez algumas sugestões na semana passada ao presidente (Hasan) Rohani e acreditamos que eles estão indo na direção certa, embora ainda não tenhamos chegado a um "compromisso", disse Zarif à AFP numa entrevista após a reunião com o líder francês em Paris.
"Temos discutido possibilidades. Agora ele vai discutir com parceiros europeus e outros parceiros para ver onde podemos ir a partir daqui ", acrescentou o ministro iraniano.
O encontro entre os líderes francês e iraniano ocorreu um dia antes de Macron se reunir com os demais líderes mundiais, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para a cúpula de três dias do G7 em Biarritz. O programa nuclear iraniano é a questão central.
As tensões sobre este tema aumentaram nos últimos meses após Teerã retomar seu programa nuclear em resposta à retirada abrupta dos Estados Unidos do pacto nuclear de 2015 e impor pesadas sanções comerciais ao Irã.
Em resposta à retirada americana e à incapacidade dos europeus de ajudar Teerã a evitar as sanções, o Irã abandonou seu compromisso com certos pontos do acordo em julho passado. As sanções estão asfixiando a economia da República Islâmica e causando "tremendo estresse" no povo iraniano, segundo Zarif.
"EUA não têm todas as cartas"
Zarif reiterou que Teerã acredita que, se a Europa for capaz de cumprir sua parte do pacto no acordo nuclear, o Irã poderá reverter as medidas tomadas para ampliar seu programa nuclear.
"Uma vez que a Europa implemente seus compromissos, o Irã também se preparará para reverter os passos que deu", afirmou el ministro.
Perguntado sobre o quer estava sugerindo, Zarif não deu detalhes, mas afirmou que a Europa precisava encontrar formas de distender a situação para o Irã.
"Estamos buscando formas através das quais a Europa possa implementar seus compromissos (...) Para nós, o importante é sermos capazes de continuar fazendo negócios com a União Europeia", garantiu.
Numa mensagem à Europa, Zarif disse que era possível resolver o problema mesmo sem a participação dos Estados Unidos no acordo nuclear.
"Eu não creio que os Estados Unidos tenham todas as cartas. Se a Europa e a comunidade internacional decidirem, eles podem realmente tomar as medidas necessárias para manter o acordo", declarou.
O acordo nuclear de 2015 foi visto como um sucesso diplomático do presidente Barack Obama e um momento chave nas relações entre os Estados Unidos e o Irã, depois de décadas de distanciamento após a revolução islâmica de 1979 que derrubou o regime pró-ocidental.
Mas Trump nunca escondeu seu desgosto pelo acordo e o deixou em 2015 para o desalento dos aliados europeus de Washington.
Mas Trump nunca escondeu seu desgosto pelo acordo e o deixou em 2015 para o desalento dos aliados europeus de Washington.