Mundo

Riso de efeito rebote

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 25/08/2019 04:05
Postagens em redes sociais, muitas vezes, são feitas sob o efeito de drogas, e esse hábito pode ser prejudicial os usuários, alerta um estudo publicado, no início deste mês, na revista especializada Substance Abuse. ;Mensagens de mídia social consideradas arriscadas, incluindo aquelas que mostram pessoas com drogas, têm o potencial de causar constrangimento, estresse e conflitos para os usuários;, ressalta Joseph Palamar, principal autor do estudo e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos.

Na pesquisa, Joseph Palamar e sua equipe examinaram dados de 872 adultos, que foram entrevistados antes de entrarem em festas de música eletrônica na cidade de Nova York e relataram o interesse de usar drogas (álcool, maconha ou cocaína) durante o evento. Após a festa, os participantes foram questionados se se ligaram e mandaram mensagens para alguém, se estavam sob o efeito de drogas durante a comunicação e se se arrependiam disso.

Mais de um terço dos participantes (34,3%) postou nas redes sociais, com 21,4% lamentando o fato. Além disso, mais da metade (55,9%) enviou mensagens de texto ou telefonou para alguém enquanto estava no nível mais alto do efeito da droga, com 30,5% lamentando ter feito uma ligação ou enviado um texto. ;Pelo menos um em cada cinco dos entrevistados sentiu arrependimento, sugerindo que esse comportamento pode gerar efeitos sociais prejudiciais ou embaraçosos;, frisa Joseph Palamar.

A pesquisa também mostrou que as mulheres são mais propensas a usar as mídias sociais nessa situação, e que, em comparação com os usuários de outras drogas, os adultos que consumiram maconha apresentaram menor risco de se engajar nesses comportamentos de risco, enquanto os consumidores de cocaína apresentaram riscos maiores.

Prevenção

Para os autores do estudo, os dados obtidos podem ajudar na criação de estratégias de prevenção ao uso de drogas. ;Embora mais pesquisas sejam necessárias, nossas descobertas sugerem a necessidade de programas de prevenção ou redução de danos para educar grupos de alto risco, não apenas sobre os efeitos adversos do uso de substâncias, mas também sobre os possíveis resultados sociais negativos;, explica Joseph Palamar. ;Embora os programas de prevenção tenham se concentrado principalmente na segurança física ; por exemplo, não dirigir depois de beber ;, essas ações também podem enfatizar que o uso de um smartphone pode aumentar o risco de alguém se arrepender;, complementa.

Fábio Henrique Mendonça Corrêa, psiquiatra do Instituto Castro e Santos (ICS), em Brasília, acredita que o estudo norte-americano mostra dados que servem como alerta importante para a população. ;Sabemos que as pessoas sob efeito de drogas podem perder a noção do certo e do errado, e, com as redes sociais, isso fica ainda mais fácil de acontecer. É algo muito fácil, o celular está ali, nas mãos. E isso é muito ruim, pois pode gerar alguns danos significativos. Por exemplo, muitas empresas buscam saber mais dos candidatos pelas redes sociais, isso pode fazer com que a pessoa perca a oportunidade de ser contratada;, ilustra.

O especialista frisa que as redes sociais têm benefícios. ;Muita gente que sofre distúrbios comportamentais, como a depressão, consegue ajuda por meio delas;, exemplifica. ;Mas é importante considerar esses riscos também para usá-las da melhor forma possível.; Fábio Henrique Corrêa também acredita que essas informações podem ajudar a incrementar campanhas de combate às drogas e que uma continuação do estudo é muito bem-vinda. ;Podemos usar esses dados para reforçar os danos relacionados ao uso dessas substâncias, e seria muito interessante também saber se cada droga está relacionada a um tipo de comportamento diferente;, sugere. (VS)

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação