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China e EUA pedem volta do diálogo após escalada na guerra comercial

Pequim pediu calma e apelou para a cooperação, mas sua moeda, o iuane, voltou a cair, gerando mais pressão sobre o comércio dos Estados Unidos

Agência France-Presse
postado em 26/08/2019 10:47
China e Estados Unidos voltam a dialogarChina e Estados Unidos pediram nesta segunda-feira (26/8) a volta do diálogo na esperança de conter a escalada de sua guerra comercial, três dias depois do anúncio por ambos os lados do aumento recíproco nas tarifas alfandegárias, que preocupam cada vez mais empresas e mercados.

Uma semana antes que as punições mútuas entrem em vigor, Pequim pediu calma e apelou para a cooperação, mas sua moeda, o iuane, voltou a cair, gerando mais pressão sobre o comércio dos Estados Unidos.

Antes de deixar Biarritz, onde participou na cúpula do G7, o presidente americano, Donald Trump, anunciou que os Estados Unidos vão retomar muito em breve suas negociações com a China.

"A China nos ligou ontem à noite. (...) Eles nos falaram ;vamos retornar à mesa de negociações;, então vamos voltar", disse Trump à imprensa reunida na cidade no sudoeste da França.

"Vamos retomar as negociações muito em breve. Acredito que alcançaremos um acordo", completou.

"Querem um acordo", enfatizou o presidente americano, que elogiou o colega chinês, Xi Jinping. "É um grande líder (....) Entende como as coisas funcionam", acrescentou Trump.

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, afirmou não estar ciente da conversa sobre a qual Trump está falando.

Já o principal negociador chinês, Liu He, disse que está disposto a "resolver o problema com calma por meio de consultas e cooperação", e que é contra a guerra comercial.

Iuane em queda

A guerra comercial entre as duas maiores potências econômicas do planeta aumentou na sexta-feira, depois que a China anunciou um aumento das tarifas sobre os produtos americanos, que representam 75 bilhões de dólares em importações por ano.

Washington respondeu com o anúncio de novas tarifas sobre os produtos chineses, que devem entrar em vigor em setembro e dezembro.

Trump também aterrorizou os empresários americanos, pedindo que parem de fazer negócios com a China, embora essa ameaça tenha sido posteriormente mitigada por funcionários de alto escalão de seu governo.

Em aparente reação, Liu disse que a China quer "receber investidores de todo mundo, incluindo os dos Estados Unidos".

A Câmara de Comércio dos Estados Unidos em Xangai disse que as empresas americanas não podem se retirar do imenso mercado chinês, pois isso puniria a própria economia dos Estados Unidos.

"O custo econômico (da guerra comercial) já é considerável", afirmou a Câmara em um comunicado.

Para maior preocupação dos empresários americanos, o iuane voltou a se desvalorizar nesta segunda-feira, perdendo 0,74%, a 7,1481 iuanes, o menor nível desde 2008.

Esse declínio torna as exportações chinesas mais baratas, mas aumenta os produtos americanos destinados ao mercado interno do país asiático.

A moeda de Pequim já havia caído no início de agosto, depois que Trump anunciou uma expansão das tarifas alfandegárias dos Estados Unidos para quase todos os produtos chineses.

O iuane não é totalmente conversível e é controlado de perto pelo governo chinês. Washington então acusou Pequim, oficialmente, de "manipular" sua moeda para beneficiar suas exportações.

Luvas de boxe

"As duas partes tiraram as luvas de boxe e, nesse contexto, a desvalorização do iuane atenua os efeitos do aumento das tarifas dos Estados Unidos", observa Mitul Kotecha, economista do banco Toronto-Dominion.

"Enquanto esta desvalorização for mantida sob controle e não gerar uma fuga de capital, podemos continuar esperando uma nova queda" da moeda chinesa, disse Kotecha à agência financeira Bloomberg.

Enquanto isso, os mercados acionários chineses ainda se mostravam nervosos nesta segunda-feira: Hong Kong perdeu cerca de 2%, e Xangai, mais de 1%.

A escalada na guerra comercial China-EUA preocupa muito as demais potências mundiais, inquietas com as ameaças de recessão na Europa e nos Estados Unidos.

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