postado em 28/08/2019 04:06
Enquanto assiste ao desenrolar das negociações entre os ex-aliados do Movimento Cinco Estrelas (M5S) e os adversários do Partido Democrático (PD), o ministro do Interior do governo demissionário, Matteo Salvini, continua investindo na plataforma anti-imigração que faz de seu partido, a Liga (ultradireita), favorita em caso de novas eleições. Ontem, ele proibiu a entrada em águas italianas do navio humanitário Eleonore, de bandeira alemã, com uma centena de migrantes a bordo.A ONG alemã Mission Lifeline anunciou na segunda-feira que tinha resgatado no Mar Mediterrâneo uma centena de viajantes detectados a bordo de um bote. A tripulação, de acordo com o relato da equipe humanitária, havia sido ameaçada pela guarda-costeira da Líbia.
Itália e Malta rejeitam sistematicamente o desembarque dos navios que resgatam migrantes fora de suas águas territoriais, se não se chegar antes a um acordo de partilha dos refugiados entre outros países europeus. O Eleonore tem 20m de comprimento e navega sob bandeira alemã.
Em junho, o Lifeline, barco com bandeira holandesa operado pela mesma organização alemã, foi retido por ordem judicial em Malta, onde havia atracado com mais de 230 migrantes a bordo. O capitão desse navio, Claus-Peter Reisch, foi acusado pelas autoridades maltesas e italianas de ter desobedecido as ordens dos guardas-costeiros líbios. Ele foi condenado a pagar uma multa elevada, mas apelou da decisão. O mesmo capitão está agora no comando do Eleonore.
Matteo Salvini, que saiu das eleições de março de 2018 com 17%, formou em maio do mesmo ano uma coalizão com a legenda de protesto Movimento Cinco Estrelas (M5S), que elegeu a maior bancada. A linha dura adotada contra os imigrantes, porém, fez disparar a popularidade do ministro do Interior. No fim de maio último, nas eleições para a renovação do Parlamento Europeu, a Liga foi o partido mais votado da Itália, com 34%, o dobro da votação obtida pelo M5S.