Agência Estado
postado em 31/08/2019 09:56
Milhares de britânicos devem ir às ruas a partir deste sábado, 31, por todo o Reino Unido para protestar contra a decisão do primeiro-ministro, Boris Johnson, no último dia 21, de suspender o Parlamento.
De acordo com a imprensa local, organizadores apoiam o uso da desobediência civil durante a onda de manifestações previstas para ocorrerem em dezenas de cidades. Um dos pontos de concentração é o portão de Downing Street, rua privada no centro de Londres, que é o endereço do premiê.
A decisão de Johnson, que já tinha falado abertamente sobre essa possibilidade durante a campanha para o cargo, se deu um dia depois de o líder do principal partido de oposição ao governo, Jeremy Corbyn, escrever um artigo dizendo que sua estratégia era a de colocar um voto de desconfiança contra o primeiro-ministro na volta dos trabalhos parlamentares. Os deputados estão em recesso de verão.
"A indignação pública por Boris Johnson ao fechar a democracia foi ensurdecedora. As pessoas estão certas em ir às ruas - e eu encorajo todos a participar das manifestações em Londres e em todo o país", disse Corbyn na última sexta-feira. A estratégia do líder da oposição, que acaba sendo esfacelada pela ação do primeiro-ministro levava em conta um processo que deveria desembocar em um novo nome para conduzir o Reino Unido - no caso de Johnson não obter o número mínimo de votos - e, no extremo, antecipar mais uma vez as eleições gerais britânicas.
Entre os vários grupos encontrados nas redes sociais para organizar manifestações, está um intitulado: "Pare o golpe, defenda a democracia", que estimula a participação da população nesse momento histórico e definitivo para o Reino Unido. Além de Londres, há protestos previstos em Birmingham, Manchester, Liverpool, Newcastle, Bristol, Glasgow e Swansea. Outros cerca de 100 movimentos são aguardados para ocorrerem ao longo da próxima semana.
Como já temiam uma ação nesse sentido, mesmo antes de BoJo ser escolhido pelo Partido Conservador como o substituto de Theresa May, os deputados votaram uma medida que impediria a suspensão do Parlamento pelo premiê. Assim, o fechamento do Legislativo só poderia ser sdotado se Johnson solicitasse a ação à rainha Elizabeth, que atendeu à demanda para não se colocar politicamente em cena em um ambiente conturbado em relação ao Brexit, como é chamada a saída do Reino Unido da União Europeia. Repelir o pedido seria algo inédito na história do país.
Entenda o impasse do Brexit
O Brexit foi definido pelos britânicos em um plebiscito realizado em junho de 2016 e tinha data inicial marcada para 29 de março passado. Em meio às negociações de May com a UE, o prazo foi prorrogado por duas vezes e agora está marcado para 31 de outubro. Ela deixou o cargo após ter sua proposta de acordo com o bloco comum rejeitada pelo Parlamento por três vezes. E, para evitar passar pelo mesmo processo, Johnson decidiu colocar os congressistas de lado. Desde a campanha, ele diz que o divórcio ocorrerá no dia 31 "com ou sem acordo" entre as partes. Apesar de próximo, o processo do Brexit está altamente indefinido. Não há ainda certezas sobre como se darão os negócios, as transações financeiras e a permanência de cidadãos britânicos que moram no restante da Europa e no fluxo contrário. Principalmente, se a separação se der de forma mais radical, sem um acordo, no chamado "Brexit duro".
A democracia britânica é uma das mais tradicionais e longevas do mundo atual. A Scotland Yard informou que preparou um plano de policiamento "proporcional" às organizações e que "quaisquer incidentes de ordem pública serão tratados adequadamente".