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Macri lança medidas de controle de câmbio na Argentina

As diretrizes "estabelecem parâmetros no mercado cambial que visam manter a estabilidade da taxa de câmbio e proteger os poupadores", afirma Banco Central argentino

Agência France-Presse
postado em 02/09/2019 08:52
Manifestantes marcham contra as políticas econômicas do governo do presidente argentino Mauricio Macri.O governo de Mauricio Macri ordenou que as empresas exportadoras peçam permissão ao Banco Central da Argentina para comprar divisas e limitou a aquisição de dólares por pessoa física, entre outras medidas de controle cambial para recuperar a estabilidade em meio às turbulências na Argentina.

As medidas, publicadas em um decreto neste domingo no Diário Oficial, ficam em vigor até 31 de dezembro deste ano e são lançadas após uma semana de incerteza e forte desvalorização da moeda argentina.

As transferências para o exterior exigirão autorização prévia da autoridade monetária e também será estabelecido um limite de compra de US$ 10.000 por mês para pessoas físicas.

Por outro lado, não haverá restrição para a retirada de dólares dos poupadores, uma medida conhecida como "corralito" (ou cercadinho), aplicada no fim de 2001 que desencadeou a pior crise econômica e política da história da Argentina.

"A liberdade total para extrair dólares das contas bancárias é mantida, não afeta o funcionamento normal do comércio exterior nem introduz restrições a viagens", detalhou o Banco Central.

Em outro ponto, o pagamento de certos impostos também é autorizado com títulos de dívida pública de curto prazo que foram reestruturados na semana passada.

"Dados os recentes eventos econômico-financeiros e a incerteza gerada no âmbito do processo eleitoral, é necessário adotar medidas temporárias e urgentes para regular o regime de câmbio com maior intensidade e fortalecer o funcionamento normal da economia", explica o decreto presidencial.

De acordo com os fundamentos, busca "contribuir para uma administração prudente do mercado de câmbio, reduzir a volatilidade das variáveis financeiras e conter o impacto das flutuações nos fluxos financeiros na economia real".

As diretrizes "estabelecem parâmetros no mercado cambial que visam manter a estabilidade da taxa de câmbio e proteger os poupadores", afirmou um comunicado do Banco Central.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) "analisa os detalhes das medidas", disse um porta-voz da entidade em Washington. Ele acrescentou que o Fundo "permanecerá em contato próximo com as autoridades e permanecerá ao lado da Argentina durante esses tempos difíceis".

Na Argentina, que está em recessão desde o ano passado, o desemprego atingiu 10,1% e a pobreza atinge 32%, segundo dados oficiais.

O governo do liberal Macri, cujo primeiro mandato termina em 10 de dezembro, impõe medidas de controle cambial, às quais ele resistiu e tinha eliminado após assumir em 10 de dezembro de 2015.

"Aplicamos controles ou restrições à movimentação de dólares e pesos. É uma medida incômoda para nós, que a Argentina já teve e estamos presos em um círculo vicioso. São necessários para evitar problemas maiores", disse o ministro da Fazenda, Hernán Lacunza, em uma entrevista ao canal América TV.

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