Mundo

Exército dos Estados Unidos está disposto a retirar tropas de cinco bases

Após aprovação de acordo final com os talibãs, retirada de soldados americanos deve ocorrer dentro de quatro meses

Agência France-Presse
postado em 02/09/2019 15:52
EUA enviaram tropas para o Afeganistão após os ataques de 11 de setembro de 2001 em Nova York e WashingtonO exército dos Estados Unidos está disposto a retirar tropas de cinco bases no Afeganistão sob um acordo negociado com os talibãs, informou nesta segunda-feira o enviado americano que lidera as negociações com os insurgentes.

O emissário dos EUA Zalmay Khalilzad, que há cerca de um ano negocia com os talibãs, disse que a retirada ocorrerá dentro de quatro meses após a aprovação de um acordo final, desde que o grupo rebelde cumpra seus compromissos.

"Decidimos, se as condições forem aceitas, que deixaremos em 135 dias cinco bases nas quais estamos atualmente presentes", declarou Khalilzad ao canal Tolo News, num trecho da entrevista divulgado na conta de Twitter do veículo de comunicação afegão.

Enquanto aguarda um iminente acordo entre americanos e talibãs, o presidente afegão Ashraf Ghani se reuniu com Khalilzad, segundo fontes oficiais.

"Estamos prestes a fechar um acordo que reduzirá a violência e abrirá o caminho para os afegãos se reunirem e negociarem uma paz honrosa e duradoura", informou através do Twitter Khalilzad, que está em Doha onde dirige as negociações com os insurgentes.

As duas partes negociam um futuro acordo de paz há meses que pode resultar em uma redução acentuada da presença militar dos EUA no Afeganistão, em troca de garantias contra o terrorismo.

Uma fonte afegã que pediu anonimato informou que Khalilzad chegou no domingo à noite em Cabul e se reuniu com Ghani para lhe informar sobre o novo ciclo de negociações, que acaba de ser concluído em Doha.

Até agora, o governo afegão ficou de fora das negociações de Doha porque os talibãs o consideram um "fantoche" de Washington.

Os Estados Unidos enviaram tropas para o Afeganistão após os ataques de 11 de setembro de 2001 em Nova York e Washington, realizados pelo Al Qaeda, um grupo acolhido pelo antigo regime talibã.

- Pompeo e Otan conversam -

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Mike Pompeo, embarcou para Bruxelas nesta segunda-feira para discutir negociações de paz no Afeganistão com o secretário-geral da Otan e conversar com os próximos líderes da União Europeia (UE).

Pompeo se reunirá na terça-feira com o chefe da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, para abordar "questões atuais de segurança e os preparativos para as próximas reuniões", como reunião dos líderes dos países que integram a Otan, programada para dezembro em Londres.

"Esperamos que eles também discutam o processo de paz e a missão liderada pela Otan no Afeganistão", acrescentou o funcionário da organização, que mantém cerca de 16.000 soldados no país para missões de treinamento, aconselhamento e assistência das forças locais.

Além da reunião da Otan, o Secretário de Estado dos EUA planeja conversar com a próxima presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na noite desta segunda-feira, bem como com os próximos chefes do Conselho Europeu, Charles Michel, e da diplomacia comunitária, Josep Borrell, na terça-feira.


- Ponto chave -

O ponto chave é a retirada de mais de 13 mil soldados americanos do Afeganistão. É a principal reivindicação dos talibãs, que em troca apenas comprometem-se a não permitir que os territórios sob seu controle sejam utilizados por grupos "terroristas".

Na quinta-feira passada, o presidente Donald Trump disse que seu país ainda manteria 8.600 soldados no Afeganistão assim que o acordo de paz entrar em vigor.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação