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Imigrantes sob ataque

postado em 04/09/2019 04:06
O ministro da Polícia, Bheki Cele, conversa com vítimas da onda de violência em Johanesburgo
O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, classificou como ;totalmente inaceitável; uma onda de saques e ataques contra estrangeiros que se repetem desde domingo na região de Johanesburgo e tinham deixado até ontem um saldo de cinco mortos. A polícia, que contabiliza cerca de 200 detidos durante os distúrbios, disparou balas de borracha para dispersar centenas de pessoas no centro da principal cidade do país, algumas delas armadas com facões e machados ; armas vistas com frequência, na África, em massacres de motivação étnica.

As forças de segurança entraram em ação também contra grupos de saqueadores em Alexandra, bairro pobre próximo ao distrito financeiro de Sandton. ;Os indivíduos chegaram em grupos e vandalizaram as lojas;, disse uma testemunha, Gavin Booldchand, em Coronationville, subúrbio de Johanesburgo onde duas pessoas morreram ontem. ;O dono de uma loja saiu e abriu fogo contra a multidão. Ele atirou no rosto de um homem negro;, acrescentou, acusando estrangeiros de ;ficar com o emprego; dos sul-africanos.

Rompendo dois dias de silêncio, Ramaphosa condenou ontem os ataques, em vídeo postado no Twitter. ;Condeno da forma mais severa a violência que se estende em quatro províncias;, disse o presidente. ;Ataques contra comerciantes estrangeiros são totalmente inaceitáveis e quero que isso cesse imediatamente;, advertiu. ;Nada pode justificar que um sul-africano ataque pessoas de outros países;, reforçou o presidente, que convocou o gabinete para uma reunião de urgência.

Além das mortes, os três dias de violência deixaram dezenas de lojas atacadas em Joanesburgo e na capital, Pretória. Vários caminhões, supostamente dirigidos por estrangeiros, foram queimados na província de KwaZulu-Natal (nordeste).

;Queimaram tudo;
A África do Sul, a economia mais próspera da África subsaariana, tem vivido frequentes episódios de violência contra esrtangeiros, alimentada pelo desemprego e pela pobreza. Vários líderes do continente criticaram essa onda de agressões. O presidente da Nigéria, Muhamadu Buhari, disse estar ;muito preocupado; com as agressões a migrantes africanos, especialmente os de seu país, e anunciou a decisão de enviar um representante especial para a África do Sul. Na segunda-feira, o governo nigeriano ameaçou adotar ;medidas decisivas;. ;Os contínuos ataques contra os cidadãos nigerianos e seus interesses econômicos na África do Sul são inaceitáveis;, advertiu no Twitter.

;Nossa nação queima e sangra;, protestou Mmusi Maimane, líder do principal partido de oposição, a Aliança Democrática. ;Os sul-africanos têm medo e não têm esperança no futuro;, prosseguiu. ;Vemos um colapso econômico e social. Essa manifestações violentas, os saques e a destruição em larga escala são evidências disso.;

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