postado em 07/09/2019 04:05
Ao fim de uma semana de sucessivas derrotas políticas, o premiê britânico, Boris Johnson, acompanhou a distância a sessão da Câmara dos Lordes, que aprovou o projeto de lei que o obriga a pedir o adiamento do Brexit, caso não se chegue a um acordo de divórcio com a União Europeia até 19 de outubro. Com menos de dois meses no poder, o primeiro-ministro, ainda determinado a obter eleições antecipadas para superar a situação de bloqueio, visitou ontem a Escócia, em clima de pré-campanha. Em Londres, porém, a oposição fechou uma aliança para barrar a pretensão de Johnson, cada vez mais isolado.
Adotada pelos deputados da Câmara dos Comuns na última quarta-feira, a proposta sobre adiamento do Brexit agora deve receber o aval da rainha Elizabeth II para se tornar lei. O objetivo é retardar a saída britânica da UE por mais três meses. Ao longo da semana, o governo perdeu a maioria parlamentar, viu a aprovação de uma lei que o obrigaria a solicitar outro adiamento do Brexit, e os deputados votaram contra a opção de eleições gerais.
Na Escócia, num ato com contornos de campanha eleitoral, Johnson anunciou uma importante ajuda financeira para os agricultores da região. ;Não acredito que teremos um Brexit sem acordo. Tenho confiança em conseguir uma solução na reunião europeia de 17 de outubro;, declarou o premiê ao canal Sky News durante a visita à área rural.
Quase ao mesmo tempo, porém, Antti Rinne, primeiro-ministro da Finlândia, país que preside a União Europeia (UE) atualmente, afirmou que, pelo caos político no Reino Unido, ;não parece agora possível; alcançar um pacto até o fim de outubro.
Justiça
Se no campo político, as coisas vão de mal a pior, na área judicial, Johnson obteve ontem uma vitória. O Alto Tribunal de Londres rejeitou uma ação contra a decisão do premiê de suspender as atividades do Parlamento a partir da próxima terça-feira até 14 de outubro, duas semanas antes da data prevista para o Brexit.
O pedido havia sido apresentado pela empresária e ativista anti-Brexit Gina Miller com o apoio de vários pesos pesados políticos ; entre eles o ex-primeiro-ministro conservador John Major. Dois dias antes, outra demanda similar, formulada em Edimburgo, havia sido negada. Há ainda um recurso protocolado na Irlanda do Norte, pendente de análise. Miller anunciou que vai recorrer à Suprema Corte em 17 de setembro. ;Minha equipe legal e eu não abandonaremos a luta pela democracia;, declarou.