Agência France-Presse
postado em 07/09/2019 10:18
O furacão Dorian matou ao menos 43 pessoas nas Bahamas, onde deixou um rastro de devastação, centenas de desaparecidos e milhares de desabrigados à procura de água e alimentos.
As autoridades locais temem que a cifra de 43 mortos aumente de forma significativa.
Enquanto a tempestade estava a caminho da costa nordeste dos Estados Unidos, mais de 260 habitantes das Ilhas Abaco, as mais atingidas nas Bahamas, chegaram à capital Nassau após uma viagem de sete horas em um cruzeiro fretado pelo governo.
Os moradores que desembarcavam descreveram as condições brutais enfrentadas pelos que ainda estão nas ilhas. Eles relataram que o cheiro forte dos corpos ainda a serem recuperados, juntamente com as pilhas de lixo que se acumulavam rapidamente.
Diane Forbes, que não tem notícias de seus dois filhos desde terça-feira, esperava encontrá-los entre os cerca de 200 evacuados que se abrigaram em um ginásio na noite de sexta-feira em Nassau, que se salvou da fúria do furacão.
"Eles disseram que estavam com fome, e o cheiro de corpos realmente começou a afetá-los", contou.
Um de seus filhos estava em Marsh Harbour, em Abaco, com a namorada e a mãe dela. "Eu não sei se ele está vivo ou não".
Em Freeport, milhares de pessoas, algumas ainda desorientadas pelos eventos da semana, fizeram fila no porto, esperando embarcar em um navio na linha de cruzeiros Bahamas Paradise, que oferece passagens gratuitas para a Flórida.
O primeiro-ministro das Bahamas, Hubert Minnis, confirmou o número de 43 mortes, especificando que 35 morreram nas Ilhas Abaco e oito outras em Grand Baham.
Lamentou o que chamou de "devastação geracional" causada pelo Dorian.
Sobre o número final de mortos, declarou: "Deixe-me dizer que acho que será chocante".
Funcionários de funerárias e de necrotérios foram enviados para a região para ajudar as autoridades, informou o ministro da Saúde, Duane Sands, à mídia local.
Milhares de pessoas se encontram desabrigadas em Grand Bahama e Abaco e muitas expressaram frustração com a velocidade da ajuda.
"Não há postos de combustível, não há lojas de comida", declarou Melanie Lowe, de Marsh Harbour, cuja casa foi parcialmente destruída.
"Antes de sermos evacuados para Nassau, estávamos em 16 pessoas em uma área para três", contou ainda.
Segundo a ONU, mais de 70.000 pessoas, praticamente toda a população de Grand Bahama e Abaco, precisam de ajuda depois que a tempestade devastou suas casas e interrompeu suas vidas.
O Programa Mundial de Alimentos da ONU anunciou que há oito toneladas de comida prontas para serem enviadas para as Bahamas.
O esforço internacional, que também inclui a Marinha Real Britânica e várias ONGs, foi dificultado por inundações nas pistas do aeroporto, naufrágios nas docas e problemas de comunicação.
A Guarda Costeira dos Estados Unidos e organizações privadas transferiram pessoas de Abaco e outras ilhas para Nassau.
O Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês), com sede em Miami, rebaixou Dorian para a categoria 1 na sexta-feira, quando chegou a Outer Banks, uma cadeia de ilhas na costa da Carolina do Norte. Segundo o NHC, Dorian tocou a terra no Cabo Hatteras, nos Outer Banks.
Milhares de residentes dos Estados Unidos, da Flórida à Virgínia, temiam o pior com a passagem de Dorian, mas a costa escapou ilesa em grande medida.
Às 06h00 de Brasília deste sábado, o NHC disse que Dorian estava a cerca de 145 quilômetros a sudoeste das Ilhas Nantucket, causando ventos de tempestades tropicais no sudeste de Massachusetts, enquanto continua em sua rota para o Canadá.
As terras canadenses receber a tempestade na noite deste sábado, onde as autoridades emitiram avisos de furacão para a Nova Escócia central e oriental e um alerta para o sudoeste de Newfoundland.
O lento e monstruoso furacão também castigou a costa da Carolina do Sul e inundou a histórica cidade de Charleston, mas não há informes de vítimas.
Muitos moradores das zonas costeiras das Carolinas do Norte e do Sul acataram as ordens de evacuação, enquanto outros protegeram suas casas com tábuas nas janelas e portas.
No Twitter, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que conversou com os governadores das Carolinas do Norte e do Sul, garantindo-lhes que está "pronto para ajudar".