postado em 11/09/2019 04:05
Zabihullah Mujahid é uma figura controversa. Ele não aceita ter a foto divulgada ;por preocupação com a segurança;. Ao digitar o seu nome no Google, imagens de pessoas diferentes surgem nas buscas. Porta-voz do Emirado Islâmico do Afeganistão (nome oficial do Talibã), mantém contato com a imprensa por meio do WhatsApp e de e-mail. Em entrevista exclusiva ao Correio, Zabihullah garantiu que foi o próprio Talibã quem rejeitou a reunião com o presidente norte-americano, Donald Trump, e tornou a ameaçar os Estados Unidos. ;Se a América insistir na guerra, consideramos nossa obrigação de expulsar nossos inimigos e invasores de nossa terra natal e intensificaremos a guerra em andamento, se Deus quiser;, avisou.De que modo o Talibã recebeu a notícia sobre o cancelamento da reunião secreta entre Trump e líderes do grupo?
Nós não tínhamos aceitado, de antemão, o convite de Trump para irmos aos Estados Unidos. Portanto, o uso da palavra ;cancelado; por Trump a nosso respeito estava errado. Ele somente teria peso se tívessemos aceitado o convite de Trump em primeiro lugar.
Se estivesse frente a frente com Trump, o que diria a ele?
Nós chegamos a adiar uma reunião com Trump dentro dos Estados Unidos, antes da assinatura do acordo em Doha. Portanto, Trump deveria ter concordado conosco sobre pôr fim à ocupação de nosso país, em uma terceira nação (Catar).
Por que vocês mataram um soldado americano se estavam comprometidos com a paz?
Você deve ter escutado a entrevista do secretário de Estado dos EUA (Mike Pompeo), no domingo, na qual ele reivindicou a morte de mais de mil afegãos durante a última década. Embora Pompeo tenha afirmado que todas as vítimas eram talibãs, na realidade, eles mataram civis afegãos. Em tal estado de coisas, nós nos reservamos o direito de responder, atingindo alvos americanos e provocando baixas. A expectativa de Trump a esse respeito era infundada. Ele deveria ter encerrado os ataques que realiza dentro de nossa pátria antes de esperar nossa retribuição.
Qual será a reação Talibã após essa decisão da Casa Branca?
Se os Estados Unidos buscam uma negociação, nós a apoiaremos. Tanto que dialogamos produtivamente com eles nos últimos 10 meses. Mas, se a América insistir na guerra, consideramos nossa obrigação de expulsar nossos inimigos e invasores de nossa terra natal e intensificaremos a guerra em andamento, se Deus quiser.
Mas Trump disse que as negociações estão mortas...
Nós aceleraremos a batalha, a América será forçada.
Hoje, o mundo relembra os atentados de 11 de setembro de 2001. Qual foi o papel do Talibã nesses ataques?
Os eventos de 11 de setembro nada têm a ver conosco.
Mas qual é o simbolismo desta data para o Talibã?
O evento não tem valor algum para nós, porque nada tem a ver conosco. (RC)