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"Maratona" de negociações

postado em 11/09/2019 04:06
Aliados norte-irlandeses deixam a residência do premiê Boris Johnson: conversas com o parlamento fechado
No primeiro dia de recesso forçado do parlamento britânico, o primeiro-ministro Boris Johnson anunciou ontem uma maratona de reuniões entre seus emissários e negociadores europeus, amanhã e depois, na busca de um acordo capaz de possibilitar que o Reino Unido saia da União Europeia (UE), em 31 de outubro, de maneira amigável. O Legislativo voltará a funcionar em 14 de outubro, três dias antes de uma reunião em que os demais 27 governantes do bloco decidirão sobre o Brexit. Antes de as sessões serem suspensas, a Câmara dos Comuns derrubou pela segunda vez a proposta do premiê para convocar eleições antecipadas, no mesmo dia em que a rainha deu aval a uma lei que obriga o governo a pedir novo adiamento da separação, caso não obtenha um acordo com a UE até 19 de outubro.

;Eu irei a essa cúpula (europeia) crucial em Bruxelas e, não importa quantos dispositivos o parlamento invente para amarrar as minhas mãos, vou me esforçar para chegar a um acordo no interesse do país;, afirmou Johnson à imprensa depois de uma reunião com os aliados norte-irlandeses do Partido Unionista Democrático (DUP). A presença de um dispositivo de salvaguarda para impedir que o território britânico da Irlanda do Norte volte a ter uma fronteira ;dura; com a República da Irlanda, que segue sendo membro da UE, está no cerne do impasse entre o governo de Londres e o parlamento. Os dirigentes de Bruxelas, por outro lado, insistem na manutenção do dispositivo.

Ao fim de uma hora e meia de reunião, o premiê ouviu a lider do DUP, Arlene Foster, reiterar que seu partido não aceita os termos do acordo de separação negociado pela antecessora de Johnson, Theresa May. A legenda foi aliada fundamental para a maioria parlamentar do Partido Conservador, minada nos últimos dias pela expulsão de dissidentes da bancada ; uma iniciativa de Johnson. O premiê tem prevista uma visita a Dublin para discutir o tema com o colega irlandês, Leo Varadkar, que descarta a ideia de retirar o dispositivo sobre a fronteira de um acordo sobre o Brexit.

A suspensão dos trabalhos na Câmara dos Comuns foi marcada por protestos da oposição, que acusa Johnson de ter atropelado o parlamento para impor a saída da UE em 31 de outubro, ;a qualquer preço;. Deputados trabalhistas e liberal-democratas exibiram cartazes com a palavra ;silenciados; e gritaram ;vergonha;. O líder trabalhista, Jeremy Corbyn, reafirmou a proposta de convocar um novo referendo sobre o Brexit, caso assuma a chefia do governo, tendo como opções a permanência na UE e uma ;alternativa viável; para o país deixar o bloco continental.

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