A exatamente uma semana das eleições legislativas, o primeiro-ministro de Israel, o direitista Benjamin Netanyahu, prometeu ontem que anexará áreas estratégicas do território palestino da Cisjordânia, se for eleito para um novo mandato. ;Se receber de vocês, cidadãos de Israel, um claro mandato... Hoje declaro a intenção de aplicar, em um futuro governo, a soberania de Israel sobre o Vale do Jordão e a parte norte do Mar Morto;, declarou o premiê em entrevista coletiva em Ramat Gan, perto de Tel Aviv.
O Vale do Jordão representa cerca de 30% da Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967. ;Bibi;, como é chamado pelos correligionários, quer anexar o território ocupado por colônias judaicas, correspondente a 90% do do Vale do Jordão, ;mas não vilarejos ou cidades árabes, como Jericó;, ressalvou.
O plano não afetará ;um único palestino;, garantiu Netanyahu, que disse querer aproveitar a proposta de paz a ser anunciada pelos Estados Unidos para anexar outras colônias. Espera-se que o governo americano, firme defensor de Israel desde que Donald Trump assumiu o poder, no início de 2017, apresente detalhes de seu plano de paz para a região após as eleições israelenses.
Esse projeto será ;uma oportunidade histórica e única de aplicar nossa soberania sobre as colônias (judaicas) na Judeia e Samaria (denominação hebraica para a Cisjordânia) e em outros lugares-chaves para a nossa segurança, o nosso patrimônio e o nosso futuro;, afirmou Netanyahu.
Colonização
A poucos dias das eleições legislativas de abril passado, Netanyahu tinha prometido anexar o território ocupado pelos assentamentos judaicos. Apesar de violar o direito internacional, a colonização da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental se manteve sob todos os governos israelenses desde 1967. Nos últimos anos, com o impulso de Netanyahu e de seu aliado em Washington, ela se acelerou.
O projeto do líder do partido de direita nacionalista Likud foi recebido como um novo golpe pelos palestinos. ;É uma violação flagrante do direito internacional. É um roubo de terra flagrante. É limpeza étnica. Destrói não apenas a solução de dois Estados, mas qualquer chance de paz. Isso muda a situação;, denunciou à agência de notícias France-Presse Hanan Ashrawi, dirigente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). ;A Palestina está sendo erradicada;, protestou. ;Netanyahu está em busca dos votos da extrema direita, vendendo para seu público a ilusão de que pode ocupar terras palestinas para sempre;, afirmou Hazem Qassem, porta-voz do movimento islamista palestino Hamas.
Cortejando o eleitorado das colônias judaicas, que defende a anexação da Cisjordânia, Netanyahu está lado a lado com o rival mais próximo, o ex-chefe do Estado-Maior do Exército Benny Gantz, líder do partido de centro-direita Azul e Branco, que também preconiza a anexação do Vale do Jordão. ;Estamos honrados em ver que Netanyahu adota o nosso plano. Mas a propaganda dele para o povo israelense chegará ao fim em 17 de setembro;, reagiu a legenda de Gantz.
;É um roubo de terra flagrante. É limpeza étnica. Destrói não apenas a solução de dois Estados, mas qualquer chance de paz;
Hanan Ashrawi, dirigente palestina