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Premiê garante ser leal a Elizabeth II

Correio Braziliense
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postado em 13/09/2019 04:06
Boris Johnson se curva diante da rainha após ser eleito líder do Partido Conservador: ele nega ter mentido
Em visita a um antigo navio de guerra ancorado no Rio Tâmisa, ontem, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, foi insistentemente indagado sobre a possibilidade de ter mentido para a rainha Elizabeth II a respeito de sua decisão de suspender as atividades do parlamento. ;Claro que não!”, respondeu o premiê, taxativamente. Na véspera, três juízes de uma Corte de Apelação escocesa consideraram, por unanimidade, que o conselho dado à rainha levou a uma suspensão ;ilegal; do Legislativo. Um tribunal inglês havia sentenciado o contrário na semana passada. Agora, ambas as decisões serão examinadas na próxima terça-feira pela Suprema Corte.

;A Alta Corte da Inglaterra está de acordo conosco, mas a Suprema Corte terá de decidir;, afirmou Johnson. Também um tribunal da Irlanda do Norte se pronunciou ontem a favor do governo, em uma terceira ação apresentada em relação a Belfast. Além da lealdade à rainha colocada em xeque, o primeiro-ministro recebeu, e rejeitou, duras críticas pela publicação de um relatório sobre as consequências caóticas de um ;Brexit duro;.

Forçado pelo Legislativo, em uma das derrotas impostas ao Executivo antes de entrar em recesso por cinco semanas, o governo de Johnson tornou público na quarta-feira à noite um documento elaborado em segredo para se preparar para os efeitos de uma separação da União Europeia (UE) sem acordo.

Intitulado Operação Yellowhammer (nome de um pequeno pássaro) e datado de 2 de agosto, o documento prevê graves congestionamentos nos portos britânicos, que poderão levar à escassez de alimentos frescos e de remédios. O informe elenca perturbações em 12 setores-chave: desde o abastecimento de água aos transportes e às fronteiras, passando pela possibilidade de distúrbios de ordem social.

;Protestos e contraprotestos podem ocorrer em todo Reino Unido e obrigariam o uso de uma quantidade importante de recursos policiais. Há risco de distúrbios públicos e tensões comunitárias;, cita o texto. Em caso de um Brexit brutal, até 85% dos caminhões britânicos podem enfrentar problemas na passagem dos controles aduaneiros franceses, o que provocaria uma queda de ;40% a 60% do nível atual; de circulação de mercadorias em um país que importa muitos dos alimentos que consome. Os problemas podem durar três meses e impactar o abastecimento de medicamentos, ou de produtos para o tratamento de água.

Parte do documento já era conhecida ; foi publicada pelo jornal Sunday Times em agosto. Entretanto, isso não evitou duríssimas críticas ao governo, que alega ter feito preparativos desde então para amenizar esses efeitos. ;Este documento é apenas a ponta do iceberg;, afirmou Tom Brake, encarregado do Brexit no opositor Partido Liberal-Democrata. ;Se o senhor Johnson não tivesse fechado o Parlamento, os deputados o teriam freado;, acrescentou.

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