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Ataque a gigante petroleira

Rebeldes houthis, do Iêmen, reivindicam incêndio em instalações da Aramco, uma das maiores empresas do setor. Ação com drones orquestrada pelo grupo, que tem apoio do Irã, acirra clima na região

postado em 15/09/2019 04:06
Cerca de 10 drones teriam voado mil quilômetros para atingir o alvo: metade da produção da empresa pode ser afetada

Um incêndio de grandes proporções atingiu duas instalações da petroleira saudita Aramco, uma das maiores do mundo. O ataque aéreo ocorreu na madrugada de ontem, a partir da ação de drones, e foi reivindicado por rebeldes houthis, do Iêmen. Essa é a terceira ação contra a empresa protagonizada pelo grupo em cinco meses. Eles alegam agir em retaliação a intervenções sauditas em prol do governo vizinho.

O canal de tevê dos houthis, o Al-Massirah, descreveu o incêndio como uma ;operação de envergadura contra refinarias em Abqaiq e Khurais;, no leste do reino. O sítio de Abqaiq é sede principal da gigante petroleira, abrigando a maior unidade de tratamento de petróleo da Aramco. Os drones ; 10, segundo os rebeldes ; teriam voado cerca de mil quilômetros para atingir os alvos. O ataque foi confirmado pelo governo saudita, que ressaltou que os incêndios ;foram apagados; pouco depois.

Parceiro de Riad, o presidente americano, Donald Trump, afirmou ao príncipe Mohammed bin Salman que Washington está pronto para cooperar com a segurança do reino saudita. Mais incisivo, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, responsabilizou diretamente o Irã, que apoia os rebeldes do Iêmen, pelo ataque. Em sua conta no Twitter, Pompeo escreveu que Teerã ;faz de conta; que está empenhado na diplomacia.

O princípe teria afirmado a Trump que a ;a Arábia Saudita quer e pode responder à agressão terrorista;, segundo a agência de notícias pública do país. Emirados Árabes, Barein, Kuwait e Egito também condenaram a investida aérea. O enviado das Nações Unidas para o Iêmen, Martin Griffiths, declarou-se ;extremamente preocupado com os ataques e a recente escalada militar; na área. Griffiths também convocou ;todas as partes à moderação e a evitar colocar em risco o processo de negociações das Nações Unidas;, no Iêmen.

Sabotagens e ameaças

As ações dos rebeldes iemenitas acontecem em um contexto de tensão na região do Golfo, acirrada por ataques e atos de sabotagem contra embarcações petroleiras em maio e junho, atribuídas ao Irã pelos Estados Unidos e pela Arábia Saudita. As investidas dos rebeldes iemenitas, cada vez mais frequentes, mostram que o grupo tem armas modernas, representando, assim, uma ameaça aos sauditas e, principalmente, à sua economia.

Horas depois do ataque, testemunhas informavam à agência de notícias France-Presse que havia fogo e fumaça no local, cujo acesso foi fechado a jornalistas. A Arábia Saudita suspendeu temporariamente a produção nas duas instalações, interrompendo cerca da metade do total da produção da Aramco, informou o ministro da Energia, príncipe Abdulaziz bin Salman.

A Aramco, terceira maior petroleira do mundo, de acordo com um ranking publicado na revista Forbes, planeja entrar na bolsa entre 2020 e 2021 e lançar no mercado cerca de 5% do seu capital, captando em torno de US$ 100 bilhões. A empresa foi a que mais lucrou em 2018, ultrapassando gigantes como a Apple e a Exxon Mobil.

Defesa mútua com Israel
Também ontem, Trump conversou com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, sobre um tratado de ;defesa mútua; para ;fixar ainda mais a tremenda aliança; entre os países. ;Espero continuar essas discussões depois das eleições israelenses, quando nos reunirmos nas Nações Unidas no fim do mês!”, tuitou o americano dando apoio tácito à candidatura de Netanyahu, às vesperas das eleições. Netanyahu agradeceu ao ;querido amigo; usando o Twitter.


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