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Oposição diz que governo proíbe comissão da OEA de entrar na Nicarágua

Integrada por sete membros, a comissão tinha programado realizar na próxima semana uma visita a Manágua, com base em um mandato da OEA

Agência France-Presse
postado em 15/09/2019 11:39
A oposição nicaraguense denunciou neste sábado (14/9) que o governo de Daniel Ortega proibiu a entrada no país de uma comissão de alto nível da Organização dos Estados Americanos (OEA), que ajudaria a buscar uma solução para a crise que o país vive desde o início dos protestos, em 2018.

"A secretaria de suporte técnico da Comissão para Assuntos da Nicarágua da OEA ligou para informar que não há acesso para que a comissão entre no país", disse à AFP Nahiroby Olivas, líder do movimento estudantil 19 de Abril, que tinha previsto se reunir com a comissão.

Integrada por sete membros, a comissão tinha programado realizar na próxima semana uma visita a Manágua, com base em um mandato da OEA. Foi aprovada em agosto pelo Conselho Permanente da organização "para fazer gestões diplomáticas no mais alto nível, a fim de procurar uma solução pacífica e eficaz para a crise política e social" na Nicarágua.

A comissão não poderá entrar no país, porém, segundo carta da Direção de Migração, que vazou para a imprensa e que ainda não tinha sido confirmada por fontes oficiais.

"A Direção Geral de Migração" da Nicarágua "torna do conhecimento de todos que, a partir desta data, não está autorizado o ingresso na Nicarágua, nem poderão embarcar em companhias aéreas com destino à Nicarágua" sete representantes da comissão da OEA, aponta o texto que teria sido divulgado pelo governo, a cuja versão se teve acesso.

Entre os representantes que, segundo esta carta, estariam impedidos de entrar no país estão Carlos Trujillo, delegado americano na OEA, e Gonzalo Javier Koncke Pizzorno, chefe de gabinete do secretário-geral da OEA, Luis Almagro.

A carta de Migração menciona ainda Leopoldo Francisco Sahores, subsecretário de Assuntos das Américas do Ministério argentino das Relações Exteriores, e Elisa Ruiz Díaz, representante do Paraguai na OEA, entre outros.

"O que sabemos é que a comunicação do governo é verdadeira. Proibiram a entrada da comissão", que chegaria entre sábado (14) e segunda-feira (16), disse à AFP um dos dirigentes da opositora Aliança Cívica pela Justiça e pela Democracia (ACJD), Max Jérez.

"Não permitir a entrada da missão dos Estados-membros da OEA é consistente com a política de Estado policial" e com a rejeição "a toda forma de construção de pontes com a comunidade internacional e com a oposição" para resolver o conflito, condenou a ACJD, em um comunicado.

O governo nicaraguense rejeitou a composição da comissão da OEA, alegando se tratar de uma ingerência nos assuntos internos do país.

A Nicarágua se encontra mergulhada em uma grave crise, após os protestos em massa contra o governo que explodiram em abril de 2018 contra uma reforma na Previdência Social. Os manifestos levaram ao pedido de renúncia do presidente.

A repressão dos protestos deixou pelo menos 325 mortos, centenas de detidos e 62.500 exilados, segundo grupos humanitários.

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