O governo venezuelano anunciou nesta segunda-feira (16/9) o retorno de sua bancada ao Parlamento, controlado pela oposição, após um acordo com um grupo de adversários do presidente Nicolás Maduro visando resolver a crise política e econômica no país.
"Pelo bem do aprofundamento do diálogo político (...) se incorporarão à Assembleia Nacional os membros do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e dos partidos aliados", assinalou o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, durante a assinatura do pacto com movimentos opositores minoritários.
"Hoje firmamos um acordo que abre as portas para um grande diálogo de paz, de convivência nacional", disse Maduro em mensagem à Nação.
Entre os que firmaram o acordo estão os partidos liderados por Timoteo Zambrano e Claudio Fermín, que a oposição majoritária liga frequentemente ao ;chavismo;.
O bloco governista havia abandonado a Assembleia Nacional em 2016, após o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) declarar o Parlamento em desacato, anulando suas decisões.
Na prática, o Parlamento foi substituído pela Assembleia Constituinte, eleita em 2017 apenas com candidatos ligados ao governo e considerada ilegal pela oposição.
Presidido por Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países, incluindo os Estados Unidos, o Parlamento era integrado originalmente por 112 deputados opositores e 55 governistas, mas desde então vários legisladores foram presos, se exilaram ou passaram à clandestinidade.
O acordo, firmado nesta segunda-feira, prevê ainda a instalação de uma "mesa de trabalho" entre o governo e os movimentos opositores minoritário.
No domingo, Guaidó anunciou que o mecanismo de diálogo com o governo de Nicolás Maduro, mediado pela Noruega, "se esgotou" diante da negativa da delegação do chavismo de voltar à mesa de negociações.
"Maduro abandonou o processo de negociação com desculpas falaciosas: após mais de 40 dias em que se negaram a continuar no mesmo, confirmamos que o mecanismo de Barbados se esgotou", disse a equipe de Guaidó.
As conversas em busca de saídas para a grave crise política e econômica venezuelana, que começaram na Noruega e se transferiram posteriormente para Barbados, estavam congeladas desde 7 de agosto por decisão do governo.
O líder legislativo se autoproclamou presidente interino em janeiro, depois que a maioria opositora do Parlamento declarou Maduro um usurpador, acusando-o de ter sido eleito em eleições fraudulentas.