postado em 19/09/2019 04:06
Em visita a Jidá, no oeste da Arábia Saudita, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, subiu o tom e qualificou os ataques às instalações petrolíferas de Abqaiq e Khurais como ;um ato de guerra;. ;Foi um ataque iraniano;, declarou Pompeo, ao se reunir com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. De acordo com o chefe de diplomacia dos EUA, os atentados do último sábado têm ;as digitais do aiatolá; Ali Khamenei, guia supremo do Irã. ;Fomos abençoados por não haver americanos mortos neste ataque, mas sempre que você tem um ato de guerra dessa natureza, há o risco de que isso possa ocorrer. É um ataque de escala que nunca vimos antes;, disse Pompeo.
Em Riad, o coronel Turki Al Maliki, porta-voz do Ministério da Defesa saudita, apresentou à imprensa peças que seriam destroços de mísseis de cruzeiro e de drones usados para explodir partes das duas refinarias. O ministério revelou que 18 drones e sete mísseis foram disparados de um ponto que descarta o envolvimento dos rebeldes hutis (xiitas), a partir do Iêmen. ;O ataque foi lançado do norte e inquestionavelmente foi responsabilidade do Irã;, afirmou Al Maliki. Pompeo reforçou que os armamentos utilizados ;não são conhecidos por pertencer ao arsenal; dos hutis.
Na manhã de ontem, o presidente norte-americano, Donald Trump, sinalizou a primeira retaliação à agressão sofrida pela Arábia Saudita, um aliado-chave. ;Acabei de ordenar ao secretário do Tesouro que reforce substancialmente as sanções contra o Estado iraniano!”, escreveu no Twitter. As novas medidas, não detalhadas pela Casa Branca, se inserem no contexto da campanha de ;pressão máxima; contra Teerã. A expectativa é de que autoridades de Washington façam o anúncio oficial amanhã. O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohamad Javad Zarif, advertiu que o reforço das sanções representará um ;ataque deliberado; aos civis comuns iranianos. Ele as qualificou de ;desumanas e ilegais;. Trump tornou a dizer que tem ;muitas opções sobre a mesa; para responder ao Irã. Ontem, ele conversou por telefone com o premiê do Reino Unido, Boris Johnson, sobre a necessidade de ;uma resposta diplomática unificada;.
Por sua vez, o ministro da Defesa do regime islâmico, brigadeiro-general Amir Hatami, negou qualquer envolvimento de seu país nos ataques à Arábia Saudita. ;Essas acusações são completamente, seriamente e firmemente rejeitadas. É fácil acusar alguém sem fornecer qualquer prova. Isso não tem valor;, comentou, segundo a agência de notícias estatal iraniana Irna. ;Foi algo que ocorreu entre duas nações em guerra. Os iemenitas têm dito claramente que lançaram os ataques. A lógica disso é tão clara. Um país que tem sofrido com a guerra. Sua população sofreu pelos ataques e pelo cerco;, acrescentou Hatami.
Conexão
Especialista em Oriente Médio do Gulf State Analytics (em Washington), Theodore Karasik disse ao Correio que a apresentação do Ministério da Defesa saudita ;ilustrou, com precisão, a tecnologia iraniana utilizada nos sistemas de mísseis de cruzeiro e de drones;. ;Está claro como esses sistemas foram montados e lançados. Também ficou evidente que eles são capazes de evitar a defesa aérea, evadindo-se da detecção. Os locais de lançamento desses mísseis foram próximos à fronteira entre Irã e Iraque;, afirmou. ;Ante a constante atividade da Guarda Revolucionária Islâmica nesta área, vemos uma plataforma de lançamento lógica.;
Karasik aposta que uma nova arquitetura de segurança terá de ser estruturada pela Arábia Saudita para evitar danos causados pelo Irã. Na opinião dele, o novo apelo de Trump por sanções expõe uma arma política, mas levanta a dúvida sobre até que ponto ela será eficiente. ;O principal foco aqui é a China, por causa da relação de Pequim com Teerã. A China também precisa de petróleo iraniano;, lembrou. Uma ofensiva militar norte-americana contra o Irã poderia aumentar a tensão entre chineses e norte-americanos, que vivem uma guerra comercial.
Ao citar fontes diplomáticas sob condição de anonimato, a agência de notícias France-Presse informou que especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) estão a caminho da Arábia Saudita para levarem adiante uma investigação internacional.
;O ataque foi lançado do norte e inquestionavelmente foi responsabilidade do Irã;
Coronel Turki Al Maliki, porta-voz do ministério da Defesa saudita
Eu acho...
;O secretário de Estado, Mike Pompeo, afirma que o Irã é culpado pelos ataques às refinarias sauditas, e certamente ele tem razão. Em termos de uma retaliação, ela poderia ser tomada de várias formas, como alvejar ativos iranianos. Os sauditas teriam realizado uma ofensiva contra ativos do Irã na Síria. Esse desdobramento indica que haverá mais escaramuças a nível regional.;
Theodore Karasik, especialista em Oriente Médio do Gulf State Analytics