Agência Estado
postado em 19/09/2019 07:49
A Arábia Saudita apresentou nesta quarta-feira, 18, o que seriam "provas" do envolvimento do Irã nos ataques contra instalações de petróleo do país. Em visita a Riad, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, acusou os iranianos de terem cometido um "ato de guerra" e garantiu que os EUA estão trabalhando para construir uma coalizão para impedir novos ataques.
As palavras de Pompeo foram as mais fortes até agora de uma autoridade americana em relação ao ataque de sábado na Arábia Saudita, que interrompeu a produção de petróleo do país e aumentou a tensão na região. Oficiais militares sauditas exibiram o que descreveram como "evidência física" de que o Irã havia sido responsável pelo ataque, mas não especificaram como pretendiam responder ou o que esperavam de seus aliados americanos.
Os rebeldes houthis no Iêmen, que lutam contra uma coalizão liderada pela Arábia Saudita há mais de quatro anos, disseram que foram responsáveis pelo ataque. O Irã, aliado dos houthis, negou qualquer responsabilidade. No entanto, para autoridades americanas e sauditas, os houthis não têm as armas necessárias para executar um ataque tão sofisticado.
"Foi um ataque iraniano", afirmou Pompeo. "Fomos abençoados por não haver americanos mortos nessa ação, mas sempre que há um ato de guerra dessa natureza, há um risco de que isso possa acontecer."
Em Jeddah, Pompeo se encontrou com o príncipe herdeiro saudita Mohamed bin Salman, o líder de fato do país, para discutir as investigações sobre os ataques e as possíveis retaliações. Pompeo também deve visitar os Emirados Árabes antes de retornar a Washington.
Nesta quarta, ele rejeitou a tese de que os houthis tenham atacado as instalações de petróleo. "A comunidade de inteligência tem grande confiança de que não eram armas que estão na posse dos houthis", disse Pompeo. "De acordo com aquilo que sabemos, o equipamento usado não consta do arsenal dos houthis."
Destroços
Antes, em entrevista coletiva em Riad, o coronel Turki al-Malki, porta-voz do Ministério da Defesa da Arábia Saudita, exibiu o que descreveu como detritos do local do ataque e vídeos que pareciam ser de câmeras de vigilância no local. "Esse ataque foi lançado do norte e foi indiscutivelmente patrocinado pelo Irã", afirmou o coronel.
Malki mostrou ainda os destroços de três mísseis que não atingiram os alvos. Os artefatos foram recuperados e inspecionados. De acordo com o porta-voz saudita, outros quatro mísseis atingiram a usina de Khurais. Ele afirmou que 18 drones atacaram Abqaiq, a maior instalação de petróleo do país. Malki disse que, depois de analisar os destroços, foi possível confirmar que eles são iranianos.
Ele destacou que o alcance dos drones é de 1,2 mil km e dos mísseis é de 700 km. Por isso, Malki garantiu que eles "nunca poderiam ter sido lançados do Iêmen" - territórios que estão sob o controle dos rebeldes xiitas.
Os ataques - que segundo autoridades sauditas envolveram cerca de duas dúzias de drones e de mísseis de cruzeiro - cortaram temporariamente a metade da produção de petróleo saudita, abalando os mercados globais e agravando as tensões entre EUA e Irã.
O presidente americano, Donald Trump, anunciou nesta quarta novas sanções ao Irã. "Eu instruí o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, a aumentar substancialmente as sanções impostas ao Irã", escreveu Trump no Twitter. O presidente americano, no entanto, não deu detalhes adicionais sobre o novo pacote de sanções. Os detalhes, segundo a Casa Branca, seriam divulgados até sexta-feira.
Na ONU
Em Teerã, a agência oficial Irna informou que a viagem do presidente iraniano, Hassan Rohani, a Nova York, para participar da Assembleia-Geral da ONU, pode ser cancelada porque ele ainda não recebeu o visto que deveria ser concedido pelo governo americano. "Se os vistos não forem entregues, a viagem será cancelada", afirmou a agência.
O cancelamento da viagem de Rohani acabaria com os esforços diplomáticos feitos durante a reunião do G-7 de Biarritz, na França, para conseguir uma reunião em Nova York entre Trump e Rohani. O presidente americano e seus assessores mais próximos chegaram a dizer que uma reunião era possível, mas dentro do governo ainda há divergências sobre o tema. (Com agências internacionais).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.