Com flores nas mãos, centenas de pessoas se reuniram neste sábado (21/9) em Paris para a inauguração de um jardim público em homenagem a Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro assassinada em 2018. O ato contou com a participação da família de Marielle.
"Marielle costumava dizer que as flores da resistência nascem do asfalto, por isso viemos hoje todos com flores para homenageá-la", explica à AFP Gabriela Lobosc, brasileira de 32 anos.
Como ela, centena de pessoas, brasileiros residentes em Paris e franceses, foram à inauguração de um jardim público que passará a levar o nome da vereadora negra, que morreu com quatro tiros na cabeça em 14 de março de 2018, em um crime ainda sem punição.
"É muito emocionante e não acho que seja à toa que uma cidade como Paris, que é um símbolo da resistência, da igualdade e da luta tenha tomado essa iniciativa", acrescenta a estudante em literatura.
"Eu não achava que haveria tanta gente", afirma Gabriela Motta, brasileira de 24 anos, enquanto aguarda na fila para entrar no jardim, localizado na Gare de l;Est, uma das principais estações ferroviárias ao nordeste da capital francesa.
Dois policiais controlavam o acesso ao parque lotado. "Estou muito triste porque queria escutar a família falar. Mas vou esperar. Quem sabe consigo entrar depois", diz a jovem, carregando um buquê de flores brancas.
- ;Pedimos justiça!' -
Os pais de Marielle Franco, Antônio e Marinete da Silva, e a filha dela, Luyara Franco, participaram do ato, assim como o vice-prefeito de Paris, Patrick Klugman, e a prefeita do distrito 10 de Paris - onde fica o parque -, Alexandra Corderbard.
"Um ano e meio depois de seu assassinato, continuamos exigindo uma resposta. Pedimos justiça e que esse crime não fique impune", declarou o pai de Marielle Franco em um discurso feito de uma tribuna improvisada, onde havia um retrato de Marielle, que este ano teria completado 40 anos.
"No dia de hoje, a França, em um gesto memorável de solidariedade, se une mais uma vez ao Brasil em uma mensagem de resistência. Receber essa homenagem da pátria que é o berço dos direitos humanos é a maior distinção entre todas as honras que nos deram", acrescentou, visivelmente emocionado.
"Marielle presente, hoje e sempre", afirmou ao fim do discurso, amplamente aplaudido.
Após um minuto de silêncio, as autoridades apresentam uma placa verde com letras brancas, em que se lê: "Marielle Franco (1979-2018). Ativista dos direitos humanos e feminista".
"Não é normal que ainda não se saiba quem mandou matar ela, não pode haver impunidade", comentou Alice Brunet, brasileira de 27 anos residente em Paris.
"Mesmo nesse mau momento que o Brasil atravessa, acho que os brasileiros vão acordar logo, não vão deixar que haja impunidade", diz Gabriela Lobosc.