postado em 22/09/2019 04:05
As forças de segurança do Egito detiveram ao menos 74 pessoas que participaram de protestos contra o presidente Abdel Fattah al-Sisi, na noite de sexta-feira e na madrugada de ontem ; uma rara manifestação de descontentamento com o marechal, reeleito em 2018 com 97% dos votos. Gritos de ;fora Sisi!” foram ouvidos na Praça Tahrir (;libertação;, em árabe), no Cairo, centro nervoso da rebelião popular de 2011, que pôs fim a 30 anos de ditadura de Hosni Mubarak. Nas redes sociais, multiplicaram-se as imagens de milhares de pessoas nas ruas das principais cidades do país.
Os protestos foram convocados, via internet, pelo empresário Mohamed Aly, que vive exilado na Espanha. Vídeos postados por ele, com críticas contundentes à corrupção sob o governo de al-Sisi viralizaram no Egito. O marechal, que tinha sido comandante das Forças Armadas no regime de Mubarak, chefiou a junta militar que depôs o ditador, na esteira da Primavera Árabe. Em 2013, liderou um golpe contra o primeiro presidente eleito democraticamente na história do país, Mohamed Morsy, da Irmandade Muçulmana, que acabou condenado a 20 anos de prisão e morreu sob custódia, em junho passado.
Linha-dura
Manifestações contra o governo são proibidas no Egito desde que al-Sisi assumiu a presidência, da mesma maneira como eram reprimidas na ditadura de Mubarak. A Irmandade Muçulmana, que se firmou como a principal força política do país, voltou a ser colocada na clandestinidade. Hoje, o país enfrenta atentados esporádicos de células extremistas do Estado Islâmico, principalmente na região do Sinai, fronteiriça com Israel e com o território palestino da Faixa de Gaza.
Os protestos voltam às ruas em resposta ao impacto das medidas de austeridade econômica implantadas em 2016, como contrapartida a um empréstimo de US$ 12 bilhões liberado ao país pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).