Cinco países da União Europeia (UE) debatem nesta segunda-feira (23) como encerrar as sucessivas negociações para distribuir os migrantes assistidos no Mediterrâneo central após cada resgate, esperando para desbloquear a reforma divisória do asilo.
Os ministros do Interior da França, Alemanha, Itália, Malta e Finlândia, um país que exerce a presidência pro tempore do bloco, discutem em Malta um dispositivo que permita que países europeus voluntários se distribuam automaticamente as pessoas resgatadas no mar.
Embora longe do pico de mais de um milhão de migrantes que chegaram às costas da Itália e da Grécia em 2015, a chegada contínua de pessoas que fogem da guerra e da pobreza para os países mediterrânicos cria tensões com seus parceiros da UE, que exigem mais solidariedade.
O maior exemplo dessa tensão foi o fechamento de portos italianos para navios de ONGs com migrantes a bordo promovida pelo ex-ministro do Interior de extrema-direita Matteo Salvini, uma política abandonada pela nova coalizão no poder.
A Itália, cujo primeiro-ministro, Giuseppe Conte, defende "levantar a questão da imigração da propaganda antieuropeia", autorizou, por exemplo, no domingo à noite o navio humanitário ;Ocean Viking; a desembarcar na Sicília 182 migrantes resgatados no mar.
A SOS Mediterranée e a Médicos Sem Fronteiras comemoraram esta decisão, pedindo um acordo europeu para impedir que "as pessoas que sobreviveram a uma travessia muito perigosa permaneçam bloqueadas por dias e até semanas no mar".
A discussão em Malta, na qual participa o comissário europeu para as Migrações, Dimitris Avramopoulos, deve abrir caminho para um pacto durante a reunião mensal de ministros do Interior dos 28 países da UE, marcada para o início de outubro no Luxemburgo.
O novo sistema, apoiado por vários países do bloco e coordenado pela Comissão, deve "garantir à Itália ou Malta uma organização mais solidária e eficaz", disse o presidente francês Emmanuel Macron durante uma visita a Roma na quarta-feira.
Em uma reunião informal em junho em Paris, cerca de 15 países apoiaram a criação de um "mecanismo de solidariedade europeu", entre os quais oito disseram estar dispostos a participar "ativamente": França, Alemanha, Portugal, Irlanda, Luxemburgo, Irlanda, Luxemburgo, Croácia e Lituânia.
Itália e França planejam defender dentro da UE "uma posição comum para todos os países participarem de uma maneira ou de outra" na recepção, sob pena de multas econômicas, segundo Macron, algo que pode gerar tensão com os países do leste resistentes a receber migrantes.
O primeiro-ministro húngaro, o nacionalista Viktor Orban, já rejeitou esse mecanismo de distribuição no sábado.
Segundo informações da imprensa, a França e a Alemanha aceitariam receber cada uma 25% dos migrantes recolhidos no mar, enquanto a Itália receberia 10%, sob esse mecanismo voluntário, que ainda enfrenta várias questões.