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Netanyahu e Gantz iniciam negociações

Durante reunião convocada pelo presidente Reuven Rivlen, o atual primeiro-ministro e o ex-chefe do Estado Maior,vitoriosos nas eleições legislativas, aceitam discutir a formação de um governo de coalizão, que poderá encerrar impasse político no país

postado em 24/09/2019 04:16
Rivlin, entre Benjamin Netanyahu (E) e Benny Gantz: nome do escolhido deve ser anunciado amanhã
Uma saída negociada para o impasse político em Israel começou a ganhar forma ontem, durante uma reunião organizada pelo presidente Reuven Rivlin com os dois principais expoentes das eleições legislativas da semana passada. Ao fim do encontro, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, e seu principal adversário, Benny Gantz, concordaram em negociar a formação de um governo de coalizão. Estreante na política, o ex-chefe do Estado Maior superou o premiê, no cargo ininterruptamente desde 2009, por dois deputados.

;A responsabilidade de formar um governo é de vocês. A população espera que vocês encontrem uma solução (...), ainda que, por isso, tenham que pagar um preço no nível pessoal ou ideológico;, disse o presidente israelense, após o encontro, em sua residência, em Jerusalém. Encerrada a reunião, Netanyahu e Gantz conversaram a sós por um breve período e concordaram em continuar as negociações hoje e amanhã, por meio de suas respectivas equipes.

O imbróglio político em Israel se arrasta desde abril, quando o Likud, partido de Netanyahu, obteve a maioria dos assentos no Knesset (Parlamento), porém, sem o número de cadeiras necessário para governar sozinho. Sem conseguir formar uma coalizão, o premiê, enfraquecido, teve que optar por uma segunda eleição legislativa, da qual saiu ainda mais combalido.

Incerteza
Os resultados das urnas colocaram em risco sua permanência no cargo. Separadamente, Netanyahu e Gantz estão longe de reunir os 61 deputados necessários para alcançar a maioria absoluta no Parlamento de Israel. O partido Azul e Branco (centro), de Benny Gantz, conquistou 33 cadeiras nas eleições de 17 de setembro, enquanto o Likud obteve 31.

Em comunicado conjunto, os dois candidatos destacaram que voltarão a se encontrar pessoalmente amanhã. Após essa reunião, eles deverão se reunir novamente com o presidente israelense, que deve, então, designar o candidato encarregado de formar um governo. Essa decisão poderá colocar um ponto final na era Netanyahu, o premiê mais longevo na história de Israel, depois de 13 anos no poder.

A saída de Netanyahu pode ser um ponto de inflexão na política israelense. Ele foi primeiro-ministro por mais de 13 anos, um recorde, mas também poderá enfrentar, nas próximas semanas, acusações por corrupção, já que sua audiência judicial está prevista para o começo de outubro.

No domingo, a Lista Unida dos partidos árabes rompeu com sua atitude dos últimos 25 anos, ao decidir apoiar um candidato a primeiro-ministro, no caso, Benny Gantz. Terceira força política no Knesset, após conquistar 13 assentos, a aliança árabe enfatizou que a intenção era ajudar a tirar Netanyahu do poder, o que não significa que apoiarão, necessariamente, as políticas do general aposentado.

O escolhido por Rivlin terá 28 dias para formar um executivo, com uma possível prorrogação de duas semanas. Caso não consiga, o presidente poderá encomendar a tarefa a outro candidato. Nas consultas do presidente, Gantz obteve o apoio de 54 deputados, enquanto 55 apoiaram Netanyahu. Esses apoios, no entanto, não incluem o do ex-ministro da Defesa Avigdor Lieberman, um nacionalista laico, líder do partido Beiteinou, que, até o momento, não deu seu aval a qualquer candidato e que poderá ser determinante para o governo.

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