postado em 29/09/2019 04:15
O uso de biofertilizantes no Brasil ainda é bastante embrionário, diferentemente da realidade de outros países, como Argentina, África do Sul, Índia, Filipinas e Estados Unidos.Segundo Jader Galba Busato, professor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília, (UnB), o uso desses produtos tem sido mais explorado globalmente devido a uma série de vantagens oferecidas em comparação às opções sintéticas.
Ao contrário dos fertilizantes convencionais, que buscam fornecer nutrientes, os insumos biológicos têm papel múltiplo. ;Também fornecem às plantas compostos capazes de estimular o crescimento, por exemplo, hormônios, e de ativar uma série de mecanismos de defesa contra estresses bióticos e abióticos, como seca e ataque de outros micro-organismos;, explica.
Com os biofertilizantes, as plantas se tornam mais preparadas para enfrentar esse tipo de estresse, o que poderia, inclusive, reduzir a necessidade de aplicação de defensivos químicos.
O cerrado seria um dos biomas beneficiados, aposta Jader Galba Busato. ;Há, especialmente nesse solo, uma afinidade tão grande da matriz mineral pelo fósforo solúvel aplicado que uma parcela significativa desse nutriente pode se tornar pouco acessível às plantas;, explica.
Segundo o professor, as bactérias podem auxiliar as plantas nesse alcance ao nutriente, aumentando a eficiência das adubações fosfatadas. ;É importante destacar que os micro-organismos não vão criar fósforo no solo, mas podem aumentar a sua disponibilidade;, ressalta. ;Trata-se de uma ação mediada por ácidos orgânicos e enzimas, que são produzidos por esses pequenos seres e capazes de competir pelos sítios de retenção de fósforo existentes no solo, além de converter formas orgânicas em inorgânicas, respectivamente.; (VS)
Para saber mais
Reservas de 50 anos
Um estudo realizado por cientistas da Embrapa Solos, no Rio de Janeiro, em parceria com outras instituições brasileiras, mostrou que quase a metade do fósforo que, nos últimos 50 anos, foi aplicado nos campos do Brasil na forma de fertilizantes permanece no solo.
No estudo, os cientistas examinaram as dinâmicas do fósforo em seis experimentos de longa duração (de 14 a 38 anos), em solos do cerrado. De acordo com o cálculo dos cientistas, um total de 45,7 milhões de toneladas ou teragramas (Tg) do produto foram aplicadas em solo brasileiro desde 1960 e, hoje, estima-se que 22,8Tg continuam presentes na terra.
No estudo, publicado na revista especializada Scientific Reports em fevereiro, os cientistas também destacam que o acúmulo detectado equivale a mais de US$ 40 bilhões. Segundo os investigadores, a estimativa é de que, em 2050, o resíduo de fósforo em terras brasileiras possa chegar a 105Tg.