Hong Kong, China ; Um manifestante de Hong Kong foi ferido por um tiro, nesta terça-feira (1;/10), em Hong Kong, durante uma manifestação pró-democracia por ocasião do "Dia da Dor", convocado para contrapor com as comemorações do 70; aniversário da fundação da República Popular da China.
Um policial disparou com munição real contra o manifestante, que foi ferido no peito, durante confrontos entre as forças de segurança e militantes. "O policial atirou após ser atacado e atingiu uma pessoa no peito (...)", afirmou uma fonte policial que pediu anonimato.
O ferido foi atendido no local e levado para um hospital, onde 15 outras pessoas foram tratadas por ferimentos. Uma delas está em estado grave, informou uma porta-voz do hospital, que não especificou se era o manifestante ferido por bala.
Hong Kong, região do sul da China, vive sua mais grave crise política desde sua retrocessão a Pequim, em 1997. Nos últimos quatro meses, a ex-colônia britânica foi palco de manifestações quase diárias para exigir reformas democráticas e denunciar a crescente interferência de Pequim.
Os manifestantes também denunciam a violação, segundo eles, do princípio de "um país, dois sistemas", que lhes concede liberdades desconhecidas no resto da China continental e que foram acordadas no momento da devolução.
Nesta terça-feira, enquanto a China comemorava o 70; aniversário da criação da República Popular, proclamada pelos comunistas em 1949, o movimento pró-democracia convocou em Hong Kong novas manifestações para expressar sua rejeição ao regime chinês. Este "Dia da dor" foi organizado essencialmente através das redes sociais.
Ovos contra o presidente
Os manifestantes de Hong Kong dirigiram-se ao escritório de representação da China em Hong Kong, que geralmente é alvo dos protestos. Em seguida, jogaram ovos contra um retrato do presidente chinês Xi Jinping e arrancaram cartazes comemorando o 70; aniversário do regime comunista.
Após os violentos confrontos registrados no domingo, as autoridades se colocaram em alerta desde o início do dia para impedir que os manifestantes perturbassem as comemorações, com revistas de transeuntes e uma dúzia de estações de metrô fechadas.
Apesar da proibição de manifestação pelas autoridades e avisos à população para evitar "reuniões ilegais", os manifestantes se reuniram na parte da tarde em Causeway Bay. Este distrito comercial tornou-se palco de confrontos entre a polícia e grupos de manifestantes radicais.
Em frente aos muitos shopping centers e lojas fechadas, os manifestantes gritavam: "Vamos apoiar Hong Kong, vamos lutar pela liberdade". Também houve manifestações menores no bairro de Wanchai e em frente ao consulado britânico, bem como nas zonas de Sha Tin e Tsuen Wan.
Enquanto isso, a cerimônia para içar a bandeira na ex-colônia ilustrou a insegurança política e a relutância das autoridades pró-Pequim de Hong Kong em aparecer em público nos últimos meses.
Autoridades locais participaram do evento, mas a portas fechadas no centro de congressos. Desde que Hong Kong voltou à soberania chinesa, essa cerimônia sempre foi realizada no exterior, mesmo sob fortes chuvas.
Matthew Cheung, adjunto da chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, elogiou em um discurso o desenvolvimento da China nesses 70 anos, mas depois admitiu que as autoridades do território semi-autônomo estavam cientes da necessidade de uma "nova reflexão para tentar resolver problemas profundamente enraizados" em Hong Kong.