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Peru renova ministros em meio a impasse

postado em 04/10/2019 04:14
Martín Vizcarra com o gabinete: 10 novatos entre os 18 titulares
Não foi preciso esperar mais do que três dias para que o presidente do Peru, Martín Vizcarra, desse posse ao novo ministério, depois de ter dissolvido o Congresso e convocado novas eleições para janeiro de 2020. Em cerimônia com transmissão em rede nacional de tevê, prestaram juramento 18 titulares, dos quais apenas seis permanecem no cargo que ocupavam antes da crise desatada entre o chefe do Executivo e a maioria de oposição que controla o Legislativo. Além dos 10 novos integrantes, dois foram transferidos para novas funções ; entre eles, Vicente Zeballos, que deixou a pasta da Justiça e, já na terça-feira, assumiu o posto de primeiro-ministro, no lugar de Salvador del Solar.

O gabinete inclui o fujimorista dissidente Francesco Petrozzi, na pasta da Cultura. O novo chanceler, o diplomata Gustavo Meza, foi embaixador do país nas Nações Unidas e teve papel decisivo na disputa com o Chile em torno de fronteiras marítimas, vencida pelo Peru em 2014, na Corte Internacional de Haia.

À frente do governo reformulado, Vizcarra enfrentará novos rounds da disputa com o Poder Legislativo, exercido agora por uma Comissão Permanente com 27 integrantes, de maioria oposicionista ; como o plenário do Congresso dissolvido na noite de segunda-feira. Vizcarra invocou um artigo constitucional no esforço de resolver disputas que se arrastavam desde março de 2018, quando assumiu no lugar de Pedro Pablo Kuczynski, eleito dois anos antes e, como os três antecessores, processado por corrupção. Sem dispor de uma base de apoio, o presidente optou pelo confronto político com a maioria oposicionista, apostando na forte rejeição popular aos parlamentares.

A próxima etapa da disputa poderá ser travada no Tribunal Constitucional, que deve receber nos próximos dias um recurso da Comissão Permanente contra a dissolução do Congresso. A maioria oposicionista denuncia a medida como um ;golpe de Estado;, e uma das representantes da corrente fujimorista ; seguidora do ex-presidente Alberto Fujimori e da filha Keiko ; comparou o presidente ao falecido ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, a despeito das difernças flagrantes de posições políticas entre os dois. ;Eles não percebem que Chávez reencarnou em Vizcarra;, disse Rosa Bartra.

A deputada presidiu a Comissão de Constituição do Congresso dissolvido, a mesma que arquivou uma proposta anterior do presidente para antecipar as eleições legislativas e presidenciais. Agora, a Comissão Permanente reclama a antecipação do pleito presidencial. Tanto o chefe de Estado quanto os parlamentares, eleitos em julho de 2016, têm mandato até julho de 2021. Os parlamentares a serem eleitos em janeiro próximo apenas completarão o período da atual legislatura.

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