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Trump pede investigação à China

Presidente ignora processo aberto pelo Congresso para impeachment e solicita a Pequim abertura de inquérito contra o democrata Joe Biden e o filho. Republicano também reforça a pressão sobre a Ucrânia. Ex-procuradores mostram incredulidade

postado em 04/10/2019 04:14
Presidente ignora processo aberto pelo Congresso para impeachment e solicita a Pequim abertura de inquérito contra o democrata Joe Biden e o filho. Republicano também reforça a pressão sobre a Ucrânia. Ex-procuradores mostram incredulidade
Com um processo para o impeachment em andamento na Câmara dos Representantes, o presidente norte-americano, Donald Trump, causou estupor em analistas políticos e no establishment de Washington. Apesar das revelações de que teria pressionado o colega ucraniano Volodymyr Zelenski a investigar o democrata Joe Biden ; potencial adversário nas eleições de 2020 ; e o filho dele, Hunter, por corrupção, o republicano publicamente encorajou o presidente chinês, Xi Jinping, a fazer o mesmo. ;Certamente, é algo em que podemos começar a pensar;, respondeu Trump, ao ser questionado sobre se cogita solicitar a Xi que abra um inquérito contra os Biden. Não bastasse isso, o magnata voltou a pressionar a Ucrânia. ;Se fossem honestos a esse respeito, começariam uma investigação importante sobre os Biden. É uma resposta muito simples. Deveriam investigar os Biden;, reforçou. ;A China deveria começar uma investigação sobre os Biden, porque o que aconteceu na China é quase tão ruim quanto o que aconteceu na Ucrânia;, acrescentou, pouco antes de embarcar para a Flórida.

Consultado pelo Correio, Roland Riopelle ; ex-procurador federal para o Distrito Sul de Nova York ; classificou de ;chocantes; as declarações de ontem de Trump. ;O presidente jamais aprenderá que é errado solicitar a um país estrangeiro (e particularmente um rival) para intervir em uma eleição norte-americana? A ameaça de Trump de apelar pela ajuda de um ditador, que abusa de seu próprio povo em Hong Kong, é francamente ultrajante;, afirmou. Na opinião dele, a fala do magnata configura uma admissão de que o republicano está disposto a angariar apoio de outros governos para ajudá-lo na reeleição. ;Isso é claramente um crime;, advertiu.

Riopelle espera que os novos desdobramentos aumentarão a pressão sobre o Congresso e sobre o Senado para que atuem contra o presidente, ;que claramente está se perdendo, mentalmente;. ;Acho que o Congresso debaterá os artigos de impeachment assim que possível. Mas os parlamentares pretendem desenvolver o processo com testemunhos factuais, e isso levará algum tempo. Será uma questão de dois ou três meses antes que os artigos de impeachment sejam apreciados.;

Culpa
Sob condição de anonimato, outro ex-procurador federal dos EUA disse à reportagem que os comentários de Trump solicitando uma investigação criminal por parte da Ucrânia e da China foram ;extremamente surpreendentes;. ;As declarações de hoje (ontem) aumentam a probabilidade de impeachment. Temos de esperar para ver a reação dos senadores republicanos na avaliação do impacto sobre a probabilidade de remoção de Trump. Com os comentários, o magnata desqualifica os próprios assessores, que têm negado a versão de que Trump buscava o engajamento da Ucrânia em uma investigação sobre os Biden;, analisou. Segundo ele, qualquer pessoa deveria interpretar as palavras do republicano como ;admissão de culpa;. ;Trump tem reiteradamente demonstrado que não compreende as implicações legais de suas retórica.;

Em nota, Ellen L. Weintraub, chefe da Comissão Eleitoral Federal dos EUA, lembrou que ;é ilegal que qualquer pessoa solicite, aceite ou receba qualquer coisa de valor de um estrangeiro em conexão com uma eleição dos Estados Unidos;. ;Qualquer um que solicitar ou aceitar assistência estrangeira se arrisca a ser alvo de investigação federal.;


;A China deveria começar uma investigação sobre os Biden, porque o que aconteceu na China é quase
tão ruim quanto o que aconteceu na Ucrânia;



Donald Trump, presidente dos Estados Unidos



Apesar de teste com míssil, diálogo com Coreia do Norte continua


O presidente americano, Donald Trump, disse que os EUA seguem comprometidos com o diálogo sobre o programa nuclear da Coreia do Norte, apesar do mais recente teste de mísseis de Pyongyang. ;Querem conversar, e nós conversaremos com eles;, afirmou Trump, em sua primeira reação pública ao anúncio da Coreia do Norte do que chamou de ;nova fase; em seu arsenal. ;Vamos ver;, acrescentou Trump quando perguntado se Pyongyang tinha ido longe demais com o teste de mísseis. A Coreia do Norte anunciou que testou com sucesso um ;novo tipo; de míssil balístico lançado de um submarino (foto). Foi o teste mais significativo desde que Pyongyang começou a dialogar com Washington, em 2018.

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