Agência France-Presse
postado em 04/10/2019 10:27
O aiatolá Ali Sistani, principal autoridade dos xiitas do Iraque, expressou nesta sexta-feira (04/10), apoio às grandes manifestações registradas no país esta semana e pediu ao governo uma resposta "antes que seja tarde".
"O governo deve cumprir com seu dever e melhorar os serviços públicos, proporcionar empregos aos que não têm, evitar o clientelismo no setor público e acabar com a corrupção, levando os responsáveis à justiça", afirmou Sistani, em um sermão lido por um de seus auxiliares.
O movimento, inédito por sua natureza espontânea em um país onde as mobilizações geralmente são partidárias ou obedecem a motivos tribais ou religiosos, é o primeiro teste para o governo de Adel Abdel Mahdi, que está no poder há apenas um ano e que pediu paciência aos iraquianos.
O movimento de protesto começou na terça-feira em Bagdá e se espalhou para outras cidades do sul do país, principalmente xiitas, e exige empregos para os jovens e a renúncia de líderes "corruptos".
Desde então, 33 manifestantes e quatro policiais foram mortas e centenas ficaram feridas, segundo autoridades de todo o país. Um toque de recolher foi decretado na capital e em várias cidades do sul.
[SAIBAMAIS]Nesta sexta, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu uma investigação rápida e transparente sobre os mortos registrados nos últimos dias na repressão às manifestações, cujas exigências considera legítimas.
"Pedimos ao governo iraquiano que permita à população exercer seu direito a assembleia pacífica e liberdade de expressão", disse Marta Hurtado, porta-voz do Alto Comissário, em uma entrevista coletiva em Genebra.
"Estamos preocupados com informações que indicam que a polícia usa balas de borracha e munição real em algumas áreas e que jogou gás lacrimogêneo contra os manifestantes", acrescentou a porta-voz.
"Todos os incidentes em que policiais causaram mortes e feridos devem ser submetidos a uma investigação rápida, independente e transparente", segundo a porta-voz.