Mundo

Sem manchas e curto-circuito

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 07/10/2019 04:14
O grande desafio para os criadores do tecido eletrônico foi incorporar peças em têxteis sem provocar curtos-circuitos, ferrugem ou degradação mecânica devido à absorção de umidade do ambiente ou do usuário. Essa umidade não apenas danifica os tecidos eletrônicos, como também contribui para a proliferação bacteriana, aumentando o odor e o desgaste da roupa. Soluções do tipo desenvolvidas até hoje eram degradadas devido à alta abrasão na lavagem em máquinas padrões, conta Ramses Martinez, um dos desenvolvedores da nova tecnologia.

Diferentemente, a solução apresentada recentemente pela equipe da Universidade Purdue é antiodor, antimancha, antibacteriana e à prova d;água. ;A maioria das camisetas com alimentação via wi-fi tem circuitos desconfortáveis, que precisam ser removidos antes da lavagem e recarregados com frequência. Ter um tecido eletrônico inteligente, que você pode simplesmente jogar na pilha de roupas depois de usá-lo várias vezes, o torna muito mais conveniente e confiável;, explica Ramses Martinez.

Para Roberto Baptista, professor do curso de engenharia eletrônica, no câmpus Gama, da Universidade de Brasília (UnB), as principais vantagens do novo tecido são o conforto, a praticidade e a durabilidade, além de ter um processo de fabricação relativamente barato. ;Todas essas vantagens permitem que a nova roupa, em termos de tecido, se assemelhe a uma camiseta que compraríamos em uma loja de roupas;, compara.

Professor do Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas da Universidade Cruzeiro do Sul, Roberto Vichinsky considera que o tecido agrega soluções a trabalhos anteriores. ;Existem muitas pesquisas sendo realizadas em torno da nanotecnologia para o desenvolvimento de vestimentas inteligentes com o emprego de nanogeradores. Nesse estudo em especial, o uso de revestimento antibacteriano do tecido é, na minha opinião, a maior novidade oferecida;, diz.

Larga escala

Usando tecnologia compatível com as técnicas convencionais de fabricação têxtil, os pesquisadores projetaram essa roupa para ser fabricada em larga escala. Os bordados utilizados na tecnologia são simples, não exigindo processos caros de fabricação, com etapas complexas ou equipamentos de alto custo, segundo os criadores.

Essas características levam a equipe americana a apostar que será possível usar a solução em grandes fábricas têxteis. As empresas poderão incorporar os nanogeradores RF-TENGs aos tecidos que fabricam, sem comprometer a capacidade de lavagem padrão das roupas com máquinas.

Não há, porém, uma estimativa de quanto custará a solução. ;Esperamos que esses tecidos eletrônicos autoalimentados não aumentem o preço dos panos enquanto expandem a sua funcionalidade. Estamos engajados em proporcionar a integração dessa tecnologia às roupas hospitalares a fim de proporcionar um melhor atendimento aos pacientes;, diz Ramses Martinez. (CM)

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação