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Irã denuncia'complô' no Iraque



O regime islâmico do Irã e uma coalizão de milícias iraquianas enraizadas na comunidade muçulmana xiita, majoritária em ambos os países, denunciaram ontem um ;complô; de ;inimigos; não discriminados contra o governo de Bagdá, que enfrenta nos últimos dias uma onda de manifestações com saldo de mais de 100 mortos e ao menos 6 mil feridos. O governo do primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi, um político xiita, e o comando militar admitiram que houve ;excessos; no uso de força para conter os protestos e denunciaram a presença de ;atiradores não identificados; nos confrontos da noite de domingo em Cidade Sadr, subúrbio xiita da capital, e determinaram à polícia que investigue os incidentes.

;Estamos demandando explicações aos policiais responsáveis pelo uso exessivo de força, que ultrapassou os padrões;, diz um comunicado difundido ontem pelas autoridades militares. Na véspera, ao menos 13 manifestantes foram mortos em Cidade Sadr, de acordo com fontes médicas. O populoso subúrbio, que leva o nome de um dos líderes históricos da comunidade xiita, é reduto de um de seus filhos, Moqtada al-Sadr, que na sexta-feira saiu a público para se pronunciar sobre a onda de turbulência e exigiu a renúncia do governo de Mahdi ; uma coalizão entre políticos xiitas pró-iranianos, representantes da minoria muçulmana sunita e da minoria étnica curda.

Falando à imprensa em Bagdá, o líder do Hashd al-Shaabi, uma coalizão de milícias xiitas alinhadas com o regime iraniano, denunciou um ;complô; contra o governo iraquiano e afirmou a determinação de intervir para ;impedir um golpe de Estado;. ;Queremos saber quem está por trás dessas manifestações, quem planejou a queda do regime;, desafiou o diirigente da aliança, Faleh al-Fayadh. ;Esse plano fracassou, e os responsáveis serão punidos.;

Em tom semelhante, o líder espiritual do regimê islâmico do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, acusou ;os inimigos; de tentarem ;semear a discórdia; entre Irã e Iraque. Em ambos os países, a comunidade muçulmana xiita é majoritária, embora seja minoria no conjunto do mundo islâmico. Desde a invasão norte-americana de 2003 e a queda do ditador Saddam Hussein, um sunita, os xiitas se tornaram a principal força política no governo de Bagdá, em aliança com os curdos, igualmente reprimidos até então. ;Irã e Iraque são duas nações que têm o coração e a alma ligados. Os inimigos buscam semear a discórdia, mas fracassaram e seu complô não terá efeito;, escreveu Khamenei no Twitter, sem entrar em detalhes sobre a identidade dos ;inimigos;.